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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Desafio Formas Fixas - Robert Browning

Desafio Formas Fixas de Poesia (4 – DRAMA EM VERSO)

The Complete Works of Robert Browning (Ohio/Baylor) Vol. 4 | Contendo:
A Blot in the 'Scutcheon
Colombe's Birthday
Dramatic Romances and Lyrics
Luria


Apesar de escolher concluir o desafio no modo Hard, frequentemente dou um “jeitinho brasileiro” no desafio. O fato é que apenas metade do livro efetivamente está sendo lido para o desafio (Colombe's Birthday e Luria), enquanto o resto na parte é releitura. Aliás, Dramatic Romances and Lyrics sequer é um drama. Mas claro que podemos pensar que eu estou lendo dois dramas em verso (de fato, são dois livros separados) e não meio livro. Mas passemos para a resenha.

Poucas coisas são unanimidades na imensa crítica ao poeta Robert Browning. O fato de que Browning fracassou miseravelmente como dramaturgo, se não é uma unanimidade, é sustentado pela maioria dos críticos. O que todos concordam é que a genialidade do escritor e sua grande obra está na poesia, e a maior parte dos críticos apontam as obras Men and Women (1855), Dramatis Personae (1864) e The Ring and the Book (1868-9) como a coroa do gênio de Browning. Mas ainda não se pode ignorar o teatro do escritor, tanto pelo fato de que ele escreveu uma boa quantidade de peças teatrais – oito, para ser exato, três delas frequentemente tidas por poesia e não teatro.

Se alguém quiser compreender porque o escritor é frequentemente tido como mal dramaturgo, basta ler A Blot in the 'Scutcheon (1843), mas primeiro vou fazer uma breve contextualização. O escritor iniciou a carreira como dramaturgo com o drama histórico Strafford (1837), encenada no mesmo ano pelo ator-empresário Macready. Se Strafford foi um sucesso ou fracasso estrondoso é uma questão de debate: embora a maioria dos críticos toma Strafford como tentativa fracassada (tanto pela sua qualidade como recepção), críticos como Chesterton e Cramer têm uma visão diferente da recepção da obra e críticos como McCormick são mais gentis em relação à qualidade da peça. A questão é que, ao menos na minha opinião, Strafford mostra um “futuro dramaturgo” completamente promissor – é uma estreia superior a Catalina, de Ibsen e mais experimental que Platonov, de Tchekhov, porém o fato é que Browning nunca escreveu um Pato Selvagem ou um Jardim das Cerejeiras. Porém a relação com o empresário começou a ficar problemática. Para além do stress da produção dramática (e da insistência de Macready de tornar o texto mais ordinário), Browning escreveu mais duas peças para o teatro de Macready, peças essas que foram rejeitadas depois de muita discussão. A transformação entre Strafford e A Blot in the 'Scutcheon é sintomática: o poeta se esforça para criar uma obra que se torne popular para o teatro vitoriano da época, o que significava muito convencionalismo de capa-e-espada e um melodrama ralo. A Blot é a encarnação dessa transformação defectiva gerada pele pressão do público teatral, e a prova de que, no fim das contas, Machado de Assis estava certo ao dizer que um grande dramaturgo não floresce sem um público adequado.

O maior problema da peça (A Blot) é que seu enredo é simplesmente absurdo e não convincente. Os personagens (com uma exceção) não são desenvolvidos satisfatoriamente, e incomodam o leitor por agirem completamente sem vontade e aparentemente conforme suas próprias naturezas. Thorold não quer matar Mertoun, mas o faz, ou melhor, Mertoun se deixa matar sem razão satisfatória. O relacionamento secreto e fora do casamento de Mildred e Mertoun também é estranho, e aparentemente incoerente com as atitudes que ambos possuem em relação a Thorold. Mertoun, por exemplo, não aparenta querer manter os encontros ilícitos com Mildred, não parece desejar pedir sua mão ao irmão Thorold (embora o faz porque é “obrigado”, aparentemente pela exigência do enredo), nem demonstra vontade nenhuma de perder a vida para um oponente que sequer o quer matar, mas o faz ainda assim porque “deve”, e ainda por cima, como último pedido, convence a Thorold que conte suas últimas palavras a Mildred, que “verdadeiramente ama” mesmo sabendo que isso a matará, o que também acontece. No final, os três personagens cometem um suicídio trágico e bisonho (Mertoun se deixa matar, Mildred morre de sofrimento e Thorold se envenena após tudo isso) que nem é grandioso ou “fatídico”, de modo que uma pitada do velho e ordinário bom-senso teria evitado. Para piorar, as entidades “ação” e “personagem” parecem tão completamente sem relação uma com a outra que ambas as entidades parecem apenas arbitrariamente postas no papel.

Guendolen é de longe a melhor personagem da obra, ou, ao menos possui alguma personalidade e as poucas boas linhas do drama, mas isso só pude notar agora, na minha segunda leitura. Isso, contudo, está ainda mais próximo de um defeito que uma qualidade, pois Guendolen e o marido Austin não fazem a menor diferença na peça. O comentário de Guendolen no primeiro ato é completamente aparte do resto do drama; as opiniões que ela apresenta a Mildred sobre Mertoun são completamente irrelevantes devido Mildred já ter uma opinião formada e invariável sobre o amante; o apoio moral que Guendolen dá a Mildred desfalecida não acrescenta nada ao desenvolvimento de nenhuma personagem exceto de si própria, e a sua descoberta por dedução do caso é completamente inútil pois não muda o curso da ação (Thorold vai descobrir por conta própria de modo independente poucas linhas depois); e o conselho de Guendolen a Thorold é, além de repetido, francamente ignorado. Guendolen é a única personagem desenvolvida e com aparência de realidade em toda a peça, mas ela é simplesmente irrelevante, de modo que se não existisse não faria a menor diferença para a história. Mas é Guendolen que possui tal maliciosa e proto-feminista afirmação interrompida:
He's proud, confess; so proud with brooding o'er
The light of his interminable line,
An ancestry with men, all paladins,
And women all . . .
Também é Guendolen que, no momento de dificuldade demonstra empatia, e a única para quem valores convencionais vazios significam menos que a emoção (amor e amizade, por Mildred, no caso). A passagem é longa (Ato II, v.323-360), mas provavelmente é a melhor sequência de 40 versos de todo o poema. Talvez a única decente.

Apenas como curiosidade, Charles Dickens amava essa peça. Aliás, enquanto Macready e John Forster duvidavam da peça Dickens tinha a absoluta convicção de que era uma bela obra, afirmando:
A peça de Browning me atirou em uma perfeita paixão do sofrimento. […] Ela é cheia de Gênio, pensamentos naturais e elevados, vigor profundo e ainda assim belo e simples. Não conheço nada, em nenhum livro que li, que me afete tanto quanto a recorrência de Mildreed ao “I was so young – I had no mother”. […] Eu juro que isso é uma tragédia que deve ser interpretada, e deve ser por Macready… E se disserem para Browning que eu a vi, conte também que eu, do fundo do coração, acredito que nenhum homem vivo (e nem muitos mortos) podem produzir tal obra.
E provavelmente por esse comentário a peça foi encenada, mas essa encenação foi responsável para destruir a já frágil amizade entre o poeta e o produtor. Sob vários aspectos, a produção foi um grande desastre, mas isso diz respeito ao histórico da première inglesa. A obra apesar de suas óbvias fraquezas foi muito popular, e foi e continua sendo a única peça de Browning que vez ou outra é encenada, e foi representada ao menos uma vintena de vezes durante a vida do escritor. A peça seguinte que ele escreveria já não seria para Macready.

Colombe's Birthday foi enviada para que Charles Kean representasse, e para a surpresa de todos os críticos foi prontamente aceita. Como a obra só poderia ser encenada no ano seguinte (1845) o poeta ficou impaciente, e desejou publicá-la imediatamente. Com isso, a peça só seria representada apenas em 1853 por Helen Faucit, e foi muito bem recebida. Para Browning e sua esposa, essa recepção favorável foi puro succès d'estime, já que, como bem nota EBB os atores representaram de modo miserável. Apesar disso, Colombe's Birthday me surpreendeu bastante, por várias razões.

A primeira e mais importante é bastante óbvia: depois de um início experimental com Strafford, Pippa Passes e King Victor and Charles, o esforço do poeta em escrever segundo as convenções foi de ruim (Return of Drusses) a medonho (A Blot). Após acompanhar esse desenvolvimento da carreira dramática de Browning, é realmente difícil esperar qualquer coisa decente que o poeta faça segundo as convenções (por si só ruins) do teatro da época. Colombe's Birthday é bem mais que decente, embora moldada em todas as convenções do período.

Como dito, ela não deixa de ter suas falhas como drama: é formalmente convencional, e as convenções do teatro vitoriano não eram as melhores, e a resolução embora faça grande diferença na moral da história não faz muito para o drama em si. Colombe no fim tem de decidir entre desposar Valence ou Berthold, ou mais especificamente, entre o amor e o poder.
Alerta!!! Esse texto pode conter spoilers como o fato de que no final Colombe escolhe Valence e perde todo o seu ducado para o príncipe Berthold... mas no fim, você provavelmente nunca vai ler ou ver essa peça encenada então provavelmente isso não faz a menor diferença... agora que você já sabe disso, pode continuar lendo o texto sem preocupações...
No final das contas, sentimos que não faz a menor diferença escolher um e outro. O grande tema e da peça é a separação radical entre o poder e amor, e a necessidade das pessoas em agir de acordo com uma escolha. Enquanto as escolhas de Hamlet e Macbeth são decisivas para a composição das suas peças (afinal, se eles optarem por não matar seus oponentes não há peça), a de Colombe é mera questão de gosto. Poderíamos até desgostar se Colombe escolhesse Berthold (personificando o Poder) em vez de Valence, mas o fato é que se fosse assim a peça ainda existiria, seria a mesma e com o mesmo valor.

Outro problema que notamos é o excesso de um estilo que emula o elizabetano, que obviamente já era velho e desgastado no período. Isso causa a impressão de que a obra fica bem melhor lida que efetivamente encenada com essa linguagem e estilo. Contudo, eu fui um leitor da peça, e como não vi nenhuma improvável representação dela, é como leitura que tenho de encerrar a minha análise.

Como uma peça literária, Colombe's Birthday, é fina, delicada e colorida. Diferente de qualquer outra peça teatral que Browning escreveu (mesmo Pippa Passes ou A Soul's Tragedy, que são bem superiores) os discursos dos personagens parece excepcionalmente adequados. As imagens e dicção usadas por cada personagem são muito bem trabalhadas, e lembrarão muito os futuros monólogos em verso branco do poeta. O uso de imagens florais para qualificar as várias características da duquesa é brilhante, mas é difícil de imaginá-las comunicando efetivamente durante a performance. Os personagens são mais ricamente construídos e variáveis, e não são amorfos ou falsos como os de A Blot. Colombe não se confunde com os servos, Valnce e Berhold são diferentes em caráter, sentimento e dicção, e Melchior se distingue de outros servos como Sabyne ou Guilbert, que também não se assemelham. Colombe's Birthday não é uma obra prima da dramaturgia, porém é uma obra bastante competente, talvez a mais competente já escrita segundo um padrão e nível tão baixos de expectativa dramática.

Dramatic Romances and Lyrics não é, como as outras, uma peça teatral. É a segunda coleção de poemas que Robert Browning escreveu e publicou. Apesar de não ser um livro tão popular como Dramatic Lyrics ou Men and Women (exceto pelo poemeto Home Thoughts, from Abroad), é muito bom lê-lo isoladamente para compreender melhor o desenvolvimento do poeta. Explico: estou acostumado a ler os poemas de Browning segundo a ordenação final que o poeta deu, em que reorganiza os poemas das três primeiras coleções em três categorias Lyrics, Romances e Men and Women.

Neste livro vemos muito bem todas as grandes características do gênio do poeta. Um bom monólogo rimado? Confere (Pictor Ignotus). Um bom poema narrativo? Confere (The Glove). Um bom monólogo dramático em verso branco? Confere (Saint Praxed's Church). Um poema com ritmo frenético e cantável? Confere (How they Brought the Good News from Ghent to Aix). Um poema que te faz pensar “mas que diabos de ritmo é esse”? Confere (The Lost Leader). Um poema que não dá para contar nem o primeiro verso? Confere (Now that I trying thy glass mask tightly, em The Laboratory). Rimas estrambólicas? Confere (já chego lá).

De longe, o que mais chama nesse volume é a qualidade das rimas. No volume de poesias anterior já possuíamos alguns exemplos (Adela/May, em Count Gismond) mas eram tímidos; em Dramatic Lyrics as rimas soavam tão naturais (Soliloquy of Spanish Cloister) ou praticamente desapareciam com a leitura do poema (My Last Duchess). Aqui nem sempre é o caso. Eu realmente não sei que tipo de pronúncia macabra rima Chablis com Rabelais (Sibranus Schafnaburguensis), mas alguns casos isso chega a ser problemático. Sintomático é The Flying of the Duchess, que é difícil de seguir. Não porque é um poema truncado, ou hermético, mas as rimas chamam tanto a atenção e o ritmo impulsiona elas, que a mera pronunciação forçada delas (exigida pelo ritmo) atrapalham a leitura mesmo das frases simples. Por exemplo:
when we've lost the music,
Aways made me – and no doubt makes you – sick.
A frase é completamente simples, mas a pronúncia “YOUsick” impulsionada pelo ritmo e rima quase nos faz perder o ponto. E não é uma instância isolada. Apenas nos últimos 100 versos do poema (que tem 915) olha o que consigo contar: “visit, i've/inquisitive”, “want here/frontier”, “last her/plaster”, “ins-and-outs/thin sand doubts”, “guarantees/arrant ease”, “went trickle/ventricle”, “inherit/prefer it”, “sorry on/morion”, “Duke rust/blue crust”, “travel in/javelin”, “indue/pinned you”, “ship sees/Gipsies”, “sperm oil/turmoil”, “news of her/Lucifer”, “wreathy hop/Aethiop”, “flaccid dent/accident”, “four-year-old/Berold”, “see-saw/Esau”. Isso porque fiquei com preguiça de copiar todos…

Acho que no geral, Dramatic Romances and Lyrics, como obra intermediária entre o inicio da carreira poética e a grande obra é uma boa introdução à poesia do escritor. Também possui um punhado de suas melhores obras, que às vezes são esquecidas em detrimento de outras, como Pictor Ignotus e France and Spain. Também é curioso notar que 3 dos 5 melhores poemas do livro (Pictor Ignotus, Saint Praxed's Church e The Confessional) são anti-católicos. Browning parecia ter um grande talento para falar mal da Igreja de Roma, hein, o que é ainda mais engraçado quando alguns dos principais admiradores sinceros do poeta (Chesterton, Raymond, provavelmente Pessoa e eu) foram católicos.

O último drama eu realmente não sei o que falar sobre. É simplesmente fraco. Os personagens sequer parecem reais, embora o evento seja histórico, aparenta mais ser uma projeção de Luria, o personagem principal, assim como todos os outros personagens. De certo modo, isso é um monodrama, mas não é poético, tem base dramática muito frágil e não convence nem como história. O ponto mais grave é que, embora tudo no drama esteja com a finalidade de desenvolver e construir Luria como personagem, nada temos de construído em seu caráter. Ao que tudo indica, o próprio poeta não gostava muito da obra, de modo que eu também me isento da responsabilidade de gostar dela também. Como dizia Auden, faz mal para o caráter falar mal de livros ruins sem nenhuma qualidade. E completo: ainda mais um de um autor tão genial como Robert Browning.

Ah, não tem mais nota... esse Blog está morto, e não tenho interesse em ressuscitá-lo.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Desafio Literário 2011 - Abril: Ficção Científica

"As obras de ficção-científica são aquelas que retratam, de modo real ou imaginário, o impacto da ciência e da tecnologia sobre a vida das pessoas, em particular, e da sociedade, em geral. No Brasil, este gênero literário não é muito popular, por isso, neste mês, que tal experimentar o gosto pelo tema?"



Quarto mês do Desafio Literário, e pela primeira vez vou quebrar a tradição. Não vou ler bônus (com exceção TALVEZ de O Fim da Eternidade de Assimov), nem comentar muito sobre o tema, por vários motivos: Meu mês está muito abarrotado, quase não conheço sobre o assunto e minha biblioteca de Sci-Fi é ínfima.


O que posso falar sobre a ficção científica é uma coisa que todos sabem: Há um monopólio norte-americano no gênero. Os grandes escritores do gênero lá se encontram, e os poucos escritores de qualidade acabam não saindo de seu país de origem. Um exemplo é o francês Maurice Renard.


Minhas escolhas foram (a priori)20 Mil Léguas Submarinas de Verne, que não consegui comprar, e 2º e 3º volumes do Guia dos Mochileiros das Galáxias, mas, como o 1º volume desapareceu no mês de Janeiro (infanto-juvenil) e só agora reapareceu, serão lidos os dois primeiros livros da série, mais O Homem Bicentenário do grande Assimov. Se possível, lerei O Fim da Eternidade, mas não prometo nada.


Titular: 20 Mil Léguas Submarinas - Júlio Verne (Comprar).
Titular: O Homem Bicentenário - Isaac Asimov
1º Reserva: O Restaurante no Fim do Universo (GMG V.2) - Douglas Adams.
2º Reserva: A Vida, o Universo e Tudo Mais (GMG V.3) - Douglas Adams (Comprar).
2º Reserva: O Guia do Mochileiro das Galáxias (GMG V.1) - Douglas Adams


Bônus:
Bônus 1: O Fim da Eternidade - Isaac Asimov

terça-feira, 1 de março de 2011

Desafio Literário 2011 - Março: Obras Épicas

"O gênero épico é uma das mais antigas manifestações literárias. O enredo caracteriza-se por ressaltar os feitos dos heróis ou as aventuras de um povo. Neste mês, vamos desengavetar aqueles romances épicos que compramos por impulso e acabaram no esquecimento!"

Mais um mês de Desafio Literário, e agora com um dos mais aguardados temas do ano: o Gênero Épico. Como tradição, discorrerei um pouco de minhas opiniões sobre o tema e postarei a lista do mês com alguns livros bônus.

O gênero épico é um dos gêneros mais antigos, e é importantíssimo para a fundação das literaturas do ocidente, junto da tradução e das religiões. O gênero está presente em praticamente todas as literaturas nacionais, dentre elas a grega (com Homero), latina (com a Farsália, Eneida e outras), alemã (Nibelungenlied), nórdica (Livro de Veda), italiana (a Divina Comédia), portuguesa (Lusíadas) e até a brasileira (com a `Prosopopéia, Uraguai e Caramuru por exemplo). A literatura latina se fundou na vulgarização de Homero.

Em sua forma mais tradicional, o gênero épico é um grande poema (inspirado por calíope) dividido em cantos. O poema épico possui Proposição, Invocação, Dedicatória, Narrativa e Epílogo entre outros elementos, e inicia in medias res, ou seja, no meio da história, para apenas depois chegar ao início (analepse) e posteriormente ao desfecho (prolepse). Sob esse aspecto (isso é, no ponto de vista tradicional), a obra épica conta os feitos de um Heroi, considerado exemplar, que representa toda a identidade de uma nação. A presença do mito é muito forte na épica.

Outras características da poesia épica tradicional é que sempre há a narrativa (narrador + narração) e o tempo da diegese (narrativa) é anterior ao da narração, por isso os verbos tendem a ir para o passado. Há também no gênero os personagens e o espaço, diferente da lírica que pode se desenvolver sem personagem ou espaço. Uma coisa que é importantíssima é a tragetória do heroi, que é a diverença crucial entre a épica e a tragédia por exemplo. Na épica, a tragetória do heroi é crescente, e na tragédia decrescente. A morte não pode ser considerada aí como uma tragédia, pois a morte pode tanto ser o ápice da vida do heroi (como é o caso de Aquiles) como o seu fim trágico (como no caso de Antígona).

Movendo-se para a modernidade, o gênero épico sofreu muitas modificações, que deu origem ao romance moderno (que convencionalmente, dizemos que Don Quixote é o primeiro romance moderno). Podemos dizer que todos os romances são derivados do gênero épico, entretanto, essa afirmação carece de rigor. Alguns romances são muito mais líricos ou dramáticos que épicos propriamente dito. Algumas coisas do gênero épico devem, ao meu ver, ser conservadas para que um romance possa receber o título de "épico", e, dentre elas, 3 creio que são fundamentais: 1- A épica procura retratar e legitimar uma identidade (sendo assim, os romances de formação são basicamente épicos); 2 - A tragetória do heroi deve ser crescente, mas não nescessáriamente no sentido tradicional (isso depende da análise); 3 - Deve haver uma relação entre real (ou discurso de verdade) e ficcional.

Portanto, posso defender-me de minhas escolhas (pelo que acredito desses livros, pois não os li):

Na minha lista principal, ha como titular o livro A Morte em Veneza de Thomas Mann. Escolhi esse livro pois há um conflito entre os belos e as morais, e há (aparentemente) a busca de uma identidade. Essa escolha foi muito influenciada pela biografia do autor. O segundo livro é Geórgicas de Virgílio (em tradução de Feliciano de Castilho), escritor de épica tradicional. Geórgicas não é como Eneida, e não é Épica em seu sentido mais tradicional, entretanto, pelo que li a respeito, há uma busca pela identidade bucólica local, embora não saiba se há propriamente um heroi. É um livro que devo ler e analizar sua epicidade x lirismo. O último livro é Fernão Capelo Gaivota de Richard Bach, que acredito ser uma busca identitária, baseada em uma mitologia e moral (cristãs), com um serto discurso de modelação, e um herói em rumo ascendente (simbolicamente representado pelo voo). Os livros bonus serão: As 4 Óperas do ciclo O Anel dos Nibelungos de Wagner, que além de literatura é música e teatro, e além de épico é dramático e lírico. Além da Ópera, resenharei o livro Nibelungenlied, formadora da literatura alemã e épico no sentido mais tradicional. O Terceiro livro bônus será Eneida, um modelo do gênero épico. Sigam-me os bons.

LISTA
Titular: A Morte em Veneza - Thomas Mann.
1º Reserva: Hortência - Marques de Carvalho.
1º Reserva: Geórgicas - Virgílio (trad: F. de Castilho)
2º Reserva: Fernão Capelo Gaivota - Richard Bach

BÔNUS
Der Ring des Nibelungen (4 Óperas) - Richard Wagner (Das Rheingold, Die Walkürie, Siegfried e Götterdämmerung)
Nibelungenlied - Anônimo
Eneida - Virgílio (tradução de Odorico Mendes)
Livro de Juízes - Anônimo

Curiosidade: Uma obra épica brasileira (a Prosopopéia de Bento Teixeira) é um caso raro na história da literatura. Muito se discute quanto à valoração de obras literárias, mas, ao que eu saiba, é unânime que a Prosopopéia é um livro ruim. Nunca ouvi ou li nada que refute essa afirmação. De qualquer forma, esse livro marca o início da literatura no brasil (embora escrita por um português).

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Desafio Literário 2011 - Fevereiro: Biografia e/ou Memória

"A biografia é um gênero literário por meio do qual se narra a história de vida de uma pessoa após sua morte. Na atualidade, este gênero está passando por mudanças, tendo em vista que as pessoas têm escrito suas próprias memórias. Que tal ler aquela biografia e/ou livro de memórias de nosso ídolo?"

Continuando meu post mensal sobre o tema do DL 2011, e como de costume, haverá mais 3 livros além da minha lista. Chegamos então ao mês de fevereiro, com a temática de Biografia e/ou Memórias.

Em linhas gerais, uma  Biografia conta a história de vida de uma pessoa, e na atualidade, a maior parte das biografias são sobre celebridades (como Michael Jackson) e escritores (Clarice ou Paulo Coelho) populares, mas nem sempre foi assim. As primeiras biografias (ao que eu saiba) foram escritas por  Tácito e Plutarco, e geralmente contam as histórias de políticos. No Império Romano, o gênero biográfico tem seu ápice com Suetônio, que narra a vida dos imperadores romanos (como Caesar, Caligula, Nero e outros) e de pessoas ilustres.

Porém, anterior à Tácito e aos romanos, algumas características do gênero já poderiam ser vistas no tratado filosófico-biográfico "Apologia de Sócrates" de Platão, onde aparecem pedaços da vida de Sócrates. Anterior ainda a Platão, já havia dados dispersos sobre faraós e outras pessoas importantes no Egito. Ao que acredito, os primeiros grandes esforços verdadeiramente biográficos (embora não componham uma "biografia" em strictu sensu) estão presentes no Antigo Testamento da Bíblia Sagrada; alguns dos livros da bíblia se preocupam fortemente em descrever a vida e feitos de algumas personalidades, isso inclui quase todos os profetas, Reis, Juizes, parte dos primeiros livros do Pentateuco, e até certo ponto os livros de crônicas.

O surgimento das biografias em língua portuguesa foi, também, com a finalidade de descrever a história dos reis de portugal, e aqueles que escreviam essas biografias eram chamados de Cronistas, e a primeira crônica escrita foi por Fernão Lopes. A qualidade verdadeiramente biográfica dessas primeiras crônicas é questionável, mas a qualidade literária delas tem sido um ponto de discussão na academia. Indico a leitura da Crônica de D. Pedro I.

No decorrer do tempo, as biografias começaram a se modificar, algumas dessas modificações são notáveis, com o fato de que pode-se fazer uma biografia de uma personalidade viva, ou o surgimento de Autobiografias e/ou Memórias. Há também outros gêneros que não são exatamente Biografia ou Memória, mas estão com um pé bem fundo nesses gêneros, e vou falar de cada um por parágrafo.

Cartas e Diários: As cartas e os diários não são biografias, mas sim objetos pessoais, e, por serem pessoais, contem muito da pessoa que escreve. As cartas sempre foram "quase-biografias", e muito o que se sabe sobre a vida de certas personalidades (Nietzsche, Rilke, Mariana Alcoforado e etc...) se dá por meio das cartas que a pessoa enviava e recebia. Mais interessante que as cartas porém, são os diários, que possuem a mesma pessoa como remetente e destinatário, e possivelmente é a forma mais fiel de autobiografia, pois se funda na necessidade de escrever, e na vontade de esconder; entretanto, os diários estão sofrendo uma mudança drástica, o que mereceria ser comentado em um post isolado. A maioria dos artistas e políticos de antes do século XXI possuem um acervo muito grande de cartas; entretanto, os diários são muito mais comuns pelos europeus (ou quem tem um pé na Europa como Sontag) e são pouco traduzidos para o português (há ótimos diários ainda não vertidos para o português, como o de Lou Salomé, Andre Gidé e Amiel), e no Brasil, os maiores escritores de diários "legítimos" são políticos (como Jarbas Passarinho ou Jetúlio Vargas). Há ainda um terceiro grupo, o das pseudo-cartas (como Cartas Chilenas) e dos pseudo-diários (como Diário de um Banana), mas eles se distanciam mais do gênero biográfico.

Crônicas de Viagem: Algo que fica entre um diário e uma crônica, mas sempre voltado para uma experiência em um lugar estrangeiro. O contato com o "outro" faz o escritor entender melhor a si mesmo e a sua própria sociedade. Uma crônica de viagem é uma espécie de autobiografia de experiencias vivenciadas em um periodo menor do que de uma "autobiografia tradicional". Uma dessas crônicas famosíssimas é "Duas Viagens ao Brasil" de Hans Staden. Muitos brasileiros escreveram também livros documentando suas esperiências em viagens, entre eles Graciliano Ramos em seu livro "Viagem", ou Lindanor Celina em seu "A Viajante e seus Espantos". Na maioria das vezes essas crônicas possuem uma riqueza histórica, literária e cultural superior às biografias.

Biografia/Memória Literária: Esse é um gênero onde, faz-se uma "quase biografia" de uma personalidade real (morta), mas sem um rigor biográfico ou memorialistico, mas sim usando a criatividade e a estética. Cria-se uma obra literária baseada em uma personalidade (que muitas vezes pouco se sabe sobre a sua vida, o que obriga o escritor a preencher lacunas do conhecimento biográfico por meio da criatividade). Algumas das mais famosas biografias literárias são "Calígula" de Camus e "Memórias de Adriano" de Marguerite Yourcenar. Algumas vezes, esse gênero biográfico vai para o lado do extremamente fantasioso, por conta das poucas informações reais da personalidade e da alta criatividade do escritor; esse é o caso da maioria das obras sobre o Rei Arthur.

Biografia/Memória Ficcional: Funciona de forma similar à Biografia Literária, só que cria-se um personagem fictício e escreve-se como se fosse uma biografia real. Os maiores clássicos do gênero são "Os Sofrimentos do Jovem Werther", "Memórias Póstumas de Brás Cubas" e "Memorial de Aires". Há também quando se cria a biografia de um personagem fictício de outra história, como é o caso da Biografia do Seu Madruga ou Dr. House. E uma terceira variação é o de misturar personalidades reais (geralmente escritor) com personagens criados, como é o caso de "A Morte de Haroldo Maranhão" e "Memorial do Fim" (de Haroldo Maranhão) ou "Lotte em Weimar" de Thomas Mann.

E por fim a literatura com forte presença da biografia do autor. Nesse caso não há biografia; o que há é que a obra em questão é muito influenciada pela biografia do autor, como é o caso de "Memórias do Cárcere" de Graciliano Ramos e boa parte da obra de Simone de Beauvoir. Não vou me ater a essa literatura específica.

E por fim, vou colocar minhas escolhas pouco ortodoxas novamente e explicar o porquê delas. Na minha lista principal, consta o livro "Diário da Ilha", que é um livro de crônicas de viagem, que conta a história da escritora no período que ela passou nas ilhas gregas. O segundo livro é "Memórias de Adriano", que é uma biografia literária, ou seja, é uma criação literária baseada em uma personalidade real e acontecimentos biográficos reais. O 3º livro (Resistência) é um livro de memórias no sentido tradicional. Na minha lista de bônus consta os "Diários" de Sontag, que é um diário real, e portanto, uma supra-autobiografia (se posso chamar assim). O 2º Bônus é o livro "Memórias Póstumas de Brás Cubas" que é o maior clássico brasileiro de Memória Ficcional. O último livro também é um livro de memórias no sentido tradicional, com o diferencial que o escritor conta suas memórias sobre outra pessoa, o que é deveras interessante. Como já li o livro de Machado de Assis (e ele está como bônus), só para esse desafio lerei 5 livros.

LISTA
Titular: Diário da Ilha - Lindanor Celina.
1º Reserva: Memórias de Adriano - Marguerite Yourcenar.
2º Reserva: Apologia de Sócrates - Platão.
2º Reserva: Resistência - Agnès Humbert

BÔNUS

Diários - Susan Sontag
Memórias Póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis
Pranto Por Dalcídio Jurandir - Lindanor Celina


Curiosidade: O maior clássico da literatura portuguesa (Os Lusíadas de Camões), possui uma série de referencias biográficas, principalmente nos cantos III e IV, onde Vasco da Gama conta a história dos reis de Portugal (dentre elas, o episódio de Inês de Castro). Provavelmente, Camões recorreu aos textos dos Crônistas, e em particular, Fernão Lopes.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Desafio Literário 2011 - Janeiro: Literatura Infanto-juvenil

"No mês das férias, vamos nos divertir com a criançada e aproveitar o tempo junto da família com muita leitura! Que tal escolher algumas obras destinadas às crianças e aos adolescentes para o Desafio Literário 2011? No site da Revista Crescer há uma variedade de sugestões, considerando as faixas etárias de 1 a 10 anos."

Todos os meses do DL2011vou postar alguma coisa a respeito do tema, além de resenhar alguns livros que não constam na minha lista original. E o primeiro mês é de Literatura Infanto-Juvenil.

Em primeiro lugar, a literatura Infanto-Juvenil não é uma literatura escrita EXCLUSIVAMENTE para jovens ou crianças, mas um texto que esses grupos de leitores tendem a identificar-se. Outro ponto importante é que nem sempre é muito claro o que é infantil e o que não é, pois, "Alice no País das Maravilhas" (por exemplo) possui uma complexidade impressionante, e um clássico como "O Barão nas Árvores" possui em certos momentos uma graciosidade infantil nas palavras. Alguns livros como "O Senhor dos Anéis" foi nitidamente escrito para adultos, mas possui uma temática que muitos jovens gostam (embora a dificuldade de ler um livro dessa densidade).

Outra questão vem a ser o que o escritor diz como escrito para crianças ou jovens, como é o caso de "Stories and Poems for Extremely Intelligent Children of All Ages" de Harold Bloom (Lançado em português em 4 volumes pela Objetiva), que são textos clássicos comuns onde o organizador (no caso: Bloom) define como texto "adequado" para crianças extremamente inteligentes. O oposto disso vem a ser as famosas estórias dos Brüder Grimm (Jacob und Wilhelm), que foram um trabalho de compilação de narrativas orais populares, que acabaram sendo conhecidas como estórias infantis. O mesmo ocorre com Koch Grümberg e Câmara Cascudo na Amazônia. No decorrer da história, essas compilações tornaram-se infantis.

E por fim, obras "para adultos" adaptadas para o público infantil (como por exemplo a adaptação de As Viagens de Guliver feita por Clarice) ou Jovem (Como Orgulho e Preconceito e Zumbis de um mané aí que não lembro o nome). Há quem recrimina plenamente esse tipo de texto, e não sou um dos maiores fãs desse tipo de "tradução". Por via de regra, não usei nenhuma obra desse tipo na minha lista do desafio.

Eis aqui minha lista nesse mês e os livros que pretendo resenhar sobre o tema da juventude e infancia. Após resenhados, terão os Links aqui:

LISTA
Titular: O Castelo nos Pirineus - Joostein Gaarder (vou pegar emprestado de meu amigo Denis).
1º Reserva: Memórias do Quintal (Contos) - Alfredo Garcia.
2º Reserva: O Guia dos Mochileiros da Galáxia (GMG V.1) - Douglas Adams.
2º Reserva: O Grande Gatsby - F. Scott Fitzgerald

BÔNUS
O Pequeno Príncipe - Antoine de Saint-Exupéry
Lolita - Vladimir Nabokov
O Grande Gatsby - F. Scott Fitzgerald


Curiosidade: Existe o Prêmio Hans Christian Andersen que é considerado um Nobel da Literatura Infanto-Juvenil, dada por uma empresa filiada a UNESCO. Duas brasileiras já ganharam o premio em 1982 (Lygia Bojunga) e 2000 (Ana Maria Machado). Além dessas, Katherine Paterson (1998) e J.K. Rowling (2010) ganharam o prêmio. O site oficial está disponível aqui.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Drop: Desafio 30 livros em 30 dias

Acabei chegando atrasado no desafio de 30 livros em 30 dias (cheguei dia 5), mas preparei minhas escolhas e resolvi postar um Drop com todas elas de uma vez só. Por ser postagem única, as explicações são bem rápidas. Muitas dessas perguntas possuem várias respostas, e o critério de desempate foi evitar repetições.

Dia 01 – um livro que te surpreendeu completamente
O livro que me surpreendeu completamente foi Saraminda do José Sarney (sim, esse Sarney mesmo que você está pensando). Sarney assim como Saramago e Paulo coelho sãoos 3 escritores de língua portuguesa que mais recebem comentários por quem nunca leu suas obras (Saramago positivamente, e os outros dois negativamente). Diferente do que se possa imaginar, Sarney não é tão ruim quanto se imagina (ainda não chega a ser muito bom), e Saraminda não é um lixo como pensei que seria quando o comprei.

Edição Lida:
SARNEY, José. Saraminda. São Paulo: Siciliano, 2000, 250p.

Dia 02 – um livro que te fez chorar 
Na verdade, nenhum. Acho que isso se dá pelo fato de ter começado a ler de verdade um pouco tarde (1º Ano), e não consigo me emocionar dessa forma com um texto, pois, sinto apenas o prazer de um leitor compulsivo. TALVEZ se eu tivesse lido o Pequeno Principe quando criança (li esse ano) eu choraria. TALVEZ.

Dia 03 – o melhor livro que você leu nos últimos 12 meses
Com certeza O Barão nas Árvores de Italo Calvino na tradução de Nilson Moulin para a Companhia das Letras. Já resenhei esse livro aqui e não preciso falar mais nada sobre ele.

Dia 04 – um livro que você leu mais de uma vez
A maioria dos livros que gosto eu leio mais de uma vez, entretanto, o que eu mais lí até hoje foi o Memórias Póstumas de Brás Cubas, que foi um dos primeiros livros que li. Li esse livro na íntegra 6 vezes em várias edições, e sempre releio vários trechos. Aliás, todo ano eu tenho que ler pelo menos um livro de machado e reler pelo menos um anualmente.

Dia 05 – o primeiro livro que você lembra de ter lido
Se tivesse respondido dia 5, teria respondido com toda a certeza Memórias Póstumas, entretanto, minha irmã me lembrou dos livros de fábulas de La Fontaine e Hans Cristian Andersen que li quando era criança.

Edições Lidas:
ANDERSEN, Hans Cristian. Fábulas. Trad: Maria Cimolino e Grazia Parodi. São Paulo: Rideel, 1995. (Coleção No Reino da Garotada III)
LA FONTAINE, Jean de. Fábulas. Trad: Maria Cimolino e Grazia Parodi. São Paulo: Rideel, 1995. (Coleção No Reino da Garotada V)

Dia 06 – capa de livro favorita
Gosto muito de capas simples, com uma imagem simples e o nome. As vezes muito exagero danifica a capa. Entretanto, tenho que tirar o chapéu para as capas da editora Underworld, que mesmo sendo uma editora que está dando seus primeiros passos, possui uma equipe preocupada e belas capas. Não sou um grande fã do gênero dos livros que a editora publica (embora gosto de alguns autores como o Lovecraft), mas as capas chamam atenção e dão a vontade de comprar os livros apenas para por eles num quadro.

Dia 07 – um livro que achou difícil de ler
O livro de Schopenhauer da série Os Pensadores da Nova Cultural. Já sou acostumado a ler filosofia (incluindo Kant, que é temido), mas o pensamento de Schopenhauer é dificílimo. Tive qu reler muitas partes e pensar com calma sobre vários pontos. Para auxiliar a compreensão precisei de outros dois Livros (Schopenhauer de Jair Barbosa e Filosofia Contemporânea de Benedito Nunes).

Dia 08 – um livro que todos deveriam ler pelo menos uma vez
Vou indicar uma série de livros na verdade (que não li toda, diga-se de passagem). É o Em Busca do Tempo Perdido de Proust, que só tive a oportunidade de ler Um Amor de Swann (na divisão atual, esse livro faz parte do primeiro: No Caminho de Swann), O Tempo Redescoberto e parte de Sodoma e Gomorra. A publicação original possuia 13 volumes, mas hoje em dia comumente divide-se a obra em 7 volumes. É o maior clássico da literatura francesa, e curiosamente, o final foi escrito junto do início, e o meio que foi sendo escrito aos poucos. Essa obra foi traduzida por Drummond e Quintana.

Dia 09 – a melhor cena que você já leu
Muitas, mas vou citar a mais recente: A morte de João do Mato em O Barão nas Árvores de Italo Calvino. A cena se encontra no final da minha resenha aqui.

Dia 10 – um livro que você não terminou de ler
La Symphonie Pastorale do André Gide. Ainda não terminei de ler porque o livro está em francês e minha aptidão nessa língua ainda não é o suficiente para a leitura. Ainda irei terminar de lê-lo um dia.

Minha Edição:
GIDE, André. La Symphonie Pastorale. France: Gallimard, 1925, 158p. (Impresso em 2009)

Dia 11 – seu tipo de livro favorito
Depois de muito pensar achei a resposta: Ficção. Todo o tipo de ficção é bem vinda, desde poesia e crônica até o conto, a novela e o romance.

Dia 12 – um livro que te faz lembrar alguém
Dom Casmurro me faz lembrar uma grande amiga minha que não vejo a muitos anos.

Dia 13 – um livro que você gostaria que virasse filme
Gostaria muito que existisse um filme de Chove nos Campos de Cachoeira, do escritor Dalcídio Jurandir (Prêmio Machado de Assis pelo Conjunto da Obra). O livro é muito interessante, embora a narrativa seja um pouco lenta. Há muitas cenas no livro que imaginei em um filme.

Dia 14 – personagem de livro favorita
O filósofo Quincas Borba de Machado de Assis, que aparece em Memórias Póstumas de Brás Cubas e Quincas Borba. O personagem filósofo de Machado é divertidíssimo, e talvez o melhor personagem criado pelo grande escritor brasileiro (mais até do que Dom Casmurro, Capitu, Brás Cubas ou Marcela).

Dia 15 – um livro que te conforta
Basicamente, todos os livros me confortam, mas um em especial me conforta mais, e esté é Laços de Família de Clarice Lispector. Já resenhei esse livro aqui.

Dia 16 – um livro que você gostou e que virou filme
A Ilíada de Homero. O livro virou milhares de filmes, alguns bons e outros ruins.

Dia 17 – uma personagem de livro que você gostaria de chamar de seu
Me identifico muito com essa garotinha que aparece em Menina que Vem de Itaiara, Estradas do Tempo-foi e Eram Seis Assinalados. Além de minha conterrânea, nossas atitudes quando criança e adulto combinam, nosso pensamento é muito parecido. O problema só é uma pequena disfunção cronológica, pois, se minhas suposições estiverem corretas, ela nasceu na década de 20, e hoje teria uns 90 anos. Alguns estudiosos acreditam que Irene é uma personagem que representa a própria escritora (assim como o Aires de Machado).

Dia 18 – um início de livro que você gosta

    Quando eu me encontrava na metade do caminho de nossa vida, me vi perdido em uma selva escura, e a minha vida não mais seguia o caminho certo. Ah, como é difícil descrevê-la! Aquela selva era tão selvagem, cruel, amarga, que a sua simples lembrança me traz de volta o medo. Creio que nem mesmo a morte poderia ser tão terrível. Mas, para que eu possa falar do bem que dali resultou, terei antes que falar de outras coisas, que do bem, passam longe.
    Eu não sei como fui parar naquele lugar sombrio. Sonolento como eu estava, devo ter cochilado e por isso me afastei da via verdadeira. Mas, ao chegar ao pé de um monte onde começava a selva que se estendia vale abaixo, olhei para cima e vi aquela ladeira coberta com os primeiros raios do sol. A cena trouxe luz à minha vida, afastou de vez o medo e me deu novas esperanças. Decidi então subir aquele monte. Olhei para trás uma última vez, para aquela selva que nunca deixara uma alma viva escapar, descansei um pouco, e depois, iniciei a escalada.
Retirado de "Inferno" de Dante Alighieri traduzido por Helder Rocha e disponível em: http://www.stelle.com.br/pt/inferno/inferno.html

Dia 19 – um livro que mudou a tua cabeça sobre um determinado assunto
Tudo o que lemos e vivemos muda nossa forma de pensar, querendo ou não. Um livro que mudou muito a visão que eu tinha sobre a Verdade foi o Crepúsculo dos Ídolos de Friedrich Nietzsche.

Edição Lida:
NIETZSCHE, Friedrich. Crepúsculo dos Ídolos: ou como filosofar com o martelo. Trad: Jacqueline Valpassos. São Paulo: Golden Books/DPL, 2009,152p.

Dia 20 – um final de livro surpreendente!
O Tempo Redescoberto – Marcel Proust. O livro inteiro é um final, e é muito impressionante. Geralmente finais de livros não me impressionam, mas o Tempo Redescoberto impressiona pela beleza poética com que é escrito.

Dia 21 – um livro guilty pleasure
O maior problema de gostar do livro Gênio de Harold Bloom é puramente acadêmico. Considero um livro Guilty Pleasure pois as pesquisas que faço de literatura, hoje, são de um grupo de estudos culturais, que muitas vezes (quase sempre) defende pontos de vista divergentes do que Bloom prega em seu livro, e meu professor teria um enfarto se soubesse que eu leio e aprovo muitas idéias desse livro, incluindo o conceito de genialidade (e por oposição, também o conceito de lixo literário) entre outros. O livro se compõe de um mosaico com 100 escritores geniais, que exemplificam todo o pensamento do autor. O livro é o único livro teórico que conheço, que figurou listas de mais vendidos e se tornou um Best-Seller mundial.

Edição Lida:
BLOOM, Harold. Gênio: os 100 autores mais criativos da história da literatura. Trad: José Roberto O'Shea. São Paulo: Objetiva, 2003, 826p.

Dia 22 – casal literário favorito
Meu casal literário favorito é dos alemães não alemães Lou Andreas-Salomé e Rainer Maria Rilke. Os dois são escritores alemães (mas Lou nasceu na Rússia e Rilke no antigo império Austro-Húngaro) que possuem uma história explêndida. Muitas vezes também figuram como personagens de ficção. Considerando as "Cartas" como gênero literário (e são), temos os dois como escritores e personagens de suas correspondências.

Dia 23 – uma personagem irritante
Mais uma Irene, só que essa é de Dalcídio Jurandir e de seu Ciclo do Extremo Norte (10 livros, sendo que Chove nos Campos de Cachoeira [citado acima] e Marajó [na minha lista do DL] fazem parte desse ciclo). Assim como a Viola de O Barão nas Árvores, Irene é detestável, e por isso, acaba sendo uma personagem que adoro também. Só quem leu os livros em que ela aparece sabem o quanto Irene é irritante.

Dia 24 – uma citação de livro que você gosta
Não há morte. O encontro de duas expansões, ou a expansão de duas formas, pode determinar a supressão de uma delas; mas, rigorosamente, não há morte, há vida, porque a supressão de uma é a condição da sobrevivência da outra, e a destruição não atinge o princípio universal e comum. Daí o caráter conservador e benéfico da guerra. Supõe tu um campo de batatas e duas tribos famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos, que assim adquire forças para transpor a montanha e ir à outra vertente, onde há batatas em abundância; mas, se as duas tribos dividirem em paz as batatas do campo, não chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz nesse caso, é a destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe os despojos. Daí a alegria da vitória, os hinos, aclamações, recompensas públicas e todos os demais efeitos das ações bélicas. Se a guerra não fosse isso, tais demonstrações não chegariam a dar-se, pelo motivo real de que o homem só comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas.
 Extraído de Quincas Borba de Machado de Assis. Disponível no Portal do MEC em: http://machado.mec.gov.br/arquivos/html/romance/marm07.htm

Dia 25 – 5 livros que estão na tua pilha de “vou ler” 
Minha pilha de "vou ler" está monstruosa, principalmente porque compro livros em uma velocidade impressionante. Quase todos os livros do desafio literário estão na minha pilha, mas além dos do desafio, dos teóricos, e dos que já citei tenho em minha lista: A misteriosa Chama da Raínha Loana (Umberto Eco), O Paraíso (Dante), A Cura de Schopenhauer (Yalom), Estradas do Tempo-foi (Lindanor Celina) e Lolita (Nabokov). Como era para citar só 5...

Dia 26 – um livro que você gostaria de ter escrito
Ou Ulysses de James Joyce ou a tradução Ulisses de Houaiss. O livro de Joyce é lastimavelmente muito mal compreendido (e figura em centenas de listas de piores livros na internet), mas em contrapartida, é considerado o maior romance do século XX escrito em inglês. A tradução de Houaiss também é uma lenda da tradução e da arte de traduzir.

Dia 27 – se um livro tem ___, você sempre lê
Uma boa história. Desculpem, foi o melhor que consegui pensar.

Dia 28 – um livro que você gostaria de ler mas que por algum motivo nunca leu
A Montanha Mágica de Thomas Mann. Sempre quiz ler esse livro, mas nunca achei-o em nenhuma livraria. Recentemente consegui comprá-lo, e confesso que me espantei deveras pois são quase 1000 páginas na cara em fonte pequena. Esse livro vai me exigir muita dedicação.

Minha Edição:
MANN, Thomas. A Montanha Mágica. Trad: Herbert Caro. 2ªEd. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000. 958p.

Dia 29 – um escritor que você adora e um que você detesta
Adoro muitos autores, assim como detesto tantos outros. Vou usar o meu clichê, levando em consideração que eu sou o público alvo de ambos os escritores: Adoro Machado de Assis e detesto José de Alencar.

Dia 30 – qual(is) livro(s) você está lendo agora?
Por fim, estou lendo vários livros no momento. dentre eles Hortência de Marques de Carvalho (ex-desafio literário, atual objeto de estudo e futuro livro a ser resenhado), Amazônia de Bertha Becker (teórico sobre o conceito de amazônia) e Antologia de Contos do VI Concurso de Contistas do Norte (estou lendo um conto por vez, e não pretendo resenhar esse livro).

domingo, 17 de outubro de 2010

Casa da Bibliofilia no Desafio Literário 2011

O blog Casa da Bibliofilia irá participar do desafio Literário de 2011, que tem como finalidade promover a leitura, fazendo com que os desafiados leiam e resenhem pelo menos 12 livros por ano. Levando em consideração que sou um bibliófilo e leio no mínimo 1 livro por semana. Acho que o desafio será fácil.

Para quem quiser saber mais, acesse o blog do desafio aqui.

As leituras devem seguir um roteiro, e pode ser escolhido até 2 livros reserva. Aqui vai minha lista:

Janeiro - Literatura Infanto-Juvenil
Titular: O Castelo nos Pirineus - Joostein Gaarder.
1º Reserva: Memórias do Quintal (Contos) - Alfredo Garcia.
2º Reserva: O Guia dos Mochileiros da Galáxia (GMG V.1) - Douglas Adams.
2º Reserva: O Grande Gatsby - F. Scott Fitzgerald

Fevereiro - Biografia e/ou Memórias (quase não acho nada...)
Titular: Diário da Ilha - Lindanor Celina.
1º Reserva: Memórias de Adriano - Marguerite Yourcenar (biografia literária).
2º Reserva: Apologia de Sócrates - Platão.
2º Reserva: Resistência - Agnès Humbert

Março - Romance épico
Titular: A Morte em Veneza - Thomas Mann.
1º Reserva: Hortência - Marques de Carvalho.
1º Reserva: Geórgicas - Virgílio (trad: F. de Castilho)
2º Reserva: Fernão Capelo Gaivota - Richard Bach.

Abril - Ficção científica (esse é o mais difícil de todos).
Titular: 20 Mil Léguas Submarinas - Júlio Verne (Comprar).
Titular: O Homem Bicentenário - Isaac Asimov
1º Reserva: O Restaurante no Fim do Universo (GMG V.2) - Douglas Adams.
2º Reserva: A Vida, o Universo e Tudo Mais (GMG V.3) - Douglas Adams (Comprar).
2º Reserva: O Guia do Mochileiro das Galáxias (GMG V.1) - Douglas Adams

Maio - Livro-reportagem
Titular: Papéis - Sultana Levy Rosemblatt.
1º Reserva: O livreiro de Cabul - Åsne Seierstad.
2º Reserva: Horror em Amityville - Jay Anson.

Junho - Peças teatrais
Titular: Eléctra - Eurípedes.
1º Reserva: The Two Gentlemen of Verona - Willian Shakespeare.
2º Reserva: Lição de botânica - Machado de Assis (e-book).

Julho - Novos autores
Titular: Tempos Férteis - Beatriz Moreira Lima.
1º Reserva: Tarefa - João de Jesus Paes Loureiro.
2º Reserva: Antologia Cidade Vol.2 - Abilio Pacheco (org.).

Agosto - Clássico da literatura brasileira
Titular: Contos Amazônicos - Inglês de Sousa.
1º Reserva: Esaú e Jacó - Machado de Assis.
2º Reserva: Lucíola - José de Alencar.

Setembro - Autores regionais
Titular: Marajó - Dalcídio Jurandir.
1º Reserva: A Terceira Margem - Benedicto Monteiro.
2º Reserva: Breve Sempre - Lindanor Celina.

Outubro - Nobel de literatura
Titular: Depressões - Herta Müller.
1º Reserva: O Lobo da Estepe - Hermann Hesse.
2º Reserva: Poesia - T.S.Eliot (trad. Ivan Junqueira).

Novembro - Contos
Titular: O Melhor do Conto Alemão no Século 20 - Rolf G. Renner e Marcelo Backes (orgs.).
1º Reserva: Sagarana - Guimarães Rosa.
2º Reserva: Horizonte Silencioso - Maria Lúcia Medeiros (Comprar).

Dezembro - Lançamentos do ano
Os livros dessa categoria serão escolhidos ao longo do ano.


Há algumas peculiaridades interessantes nessa lista. A primeira e mais visível é há pelo menos um escritor paraense em cada uma das categorias, exceto "Teatro", "Ficção Científica" e "Prêmio Nobel" (esse último por motivos óbvios), que é compensado em "Autores Regionais" e "Novos Autores". Outra característica é que eu coloquei na lista livros que eu jamais leria em outra ocasião (o que significa que o desafio cumpre o seu objetivo), como por exemplo "Lucíola" e "Fernão Capelo Gaivota". Há também um certo equilíbrio linguístico, possuindo escritores de língua inglesa, alemã, francesa, grega, e norueguesa, com pelo menos 2 escritores em cada uma. Há 3 escritores que aparecem mais de uma vez, e são Douglas Adams, Machado de Assis e Lindanor Celina. Outra curiosidade, é que alguns livros da lista são bizarramente grandes, como é o caso de "Marajó" e "O Melhor do Conto Alemão no Século 20", sendo que a lista de "Autores Regionais" possui 3 romances grandes. Acho que pelo menos um desses livros eu não vou ler (Horror em Amityville). Resta agora esperar para iniciar o Desafio Literário de 2011. Desejem-me boa leitura.

28/11/10: Primeira modificação efetuada. Saiu Marques de Carvalho e Platão, e entrou Agnès e Virgílio (em clássica tradução de F de Castilho e Odorico Mendes). Mais algumas modificações surgirão no meio do caminho.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

10° dia -Livro mais velho que você tem ou leu

Geórgicas/Eneida - Virgílio

O livro mais velho que possuo é o Georgicas/Eneida do escritor romano Virgílio. É uma obra essencial em qualquer biblioteca. Meu exemplar é de uma edição de 1949.


Minha edição:
VIRGÍLIO. Geórgicas/Eneida. São Paulo, Porto Alegre e Rio de Janeiro: W.M.Jackson. 1949.

Assim encerro o desafio. Estou devendo duas resenhas esse final de semana.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

9° dia - Série de livros que você mais gosta

De todos os dias do desafio, esse com toda certeza é o mais difícil. Primeiro, pelo fato de eu analisar os livros individualmente e não gostar de analisar em série, pois a história pode até ser boa, mas se um livro for ruim, considero esse livro como ruim e pronto. Segundo, porque li poucas séries completas, sendo que nem dos Olimpianos nem dos Guia dos Mochileiros da Galáxia li nenhum, li somente um dos livros de Hary Potter (A Câmara Secrteta) e O Senhor dos Aneis (A Sociedade do Anel), e ainda me falta um da série A Divina Comédia (O Paraíso), da Tetralogia Amazônica (A Terceira Margem) e da Lindanor Celina (ainda me falta Estradas do Tempo-Foi) entre outros. Dentre as poucas séries que li incluem-se: Eneida (de Virgilio) e Metamorfoses (de Ovidio).

Mas decidi escolher uma série muito diferente para colocar como minha preferida, e escolhi:

Der Ring des Nibelungen - Richard Wagner
Algum leitor mais tradicional pode me dizer: "Peraí! Wagner não é livro é Ópera"? Aí que eu respondo: "Shakespeare não é livro, é teatro" aí você pode me perguntar: "Mas Wagner foi feito para ser cantado e tocado" aí eu respondo: "E Homero? E Carmina Burana?" Não há argumentos que me façam mudar de ideia de botar o "Der Ring" de Wagner como a maior série de todos os tempos, entretanto, há muitos argumentos para considerar essa obra como a sua melhor série.

Primeiro, se você gosta de Hary Potter e outras séries de fantasia medieval (Como Eragon, Dragonlance, Darksun, Tagmar ou os Olimpianos), pode ter certeza que foi graças a Tolkien, e Tolkien deve muito a "Der Ring" de Wagner.

"Der Ring des Nibelungen" é uma série de quatro narrativas (originalmente em óperas, publicadas em libretos) que contem as óperas "Das Rheingold" (O Ouro do Reno), "Die Walkürie" (As Valquírias), "Siegfried" (Siegfied) e "Göttendämmerung" (Crepúsculo dos Deuses). É uma "pequena" ópera de mais de 13 horas de duração e que é espetacular. "Der Ring" é tão importante, que é uma das primeiras (se não a primeira) ópera em que o libretista é o compositor.

A semelhança com Tolkien é incrível (levando em consideração que Wagner é anterior). As duas histórias são basicamente formada em três libretos/livros (Die Walkürie/A Sociedade do Anel, Siegfried/As Duas Torres, e Göttendämmerung/O Retorno do Rei), mais uma narrativa curta introdutória (Das Rheingold/O Hobbit), sem incluir "O Silmarilion" de Tolkien que é póstumo e nunca teve a intenção de ser publicado. Como já li "A Sociedade do Anel", sinto-me mais seguro de fazer a comparação com "Die Walkürie", que se segue:

Primeiro: A história se baseia em um anel superpoderoso, que pode dominar a todos (isso pode ser descoberto sem ler/ouvir a narrativa introdutora). Após isso, há a interferência de diversas raças não-humanas na história (Elfos, Anões e Hobbits em Tolkien enquanto Deuses, Gigantes e Nibelungos em Wagner). Tudo a partir daí ruma para o sucesso, considerando alguém como o portador das esperanças do grupo (Frodo Bolseiro em Tolkien e Siegmund em Wagner), sendo que a narrativa avança até...

que...

Tudo começa a ruir. Em Tolkien a sociedade se desfaz por conta da ambição de um humano, enquanto em Wagner pela moral divina. Enquanto ninguém mais é capaz de proteger Frodo, Sigmund morre pela lança do próprio pai, o deus Wotan (equivalente ao Thor nórdico). É incrível como até as esperanças para o próximo livro/libreto mantém-se, com a possibilidade de auxílio pelo resto da sociedade (Tolkien) ou pelo filho de Sieglinde (Siegfried) e o congelamento de Brünilde (Wagner). Só lendo as duas obras para ver como são semelhantes, fora o fato do próprio Tolkien ser fã da série de óperas de Wagner, e considerá-lo uma influência importante (a mais importante) para sua obra.

Claro, há diferenças, pelo fato de serem textos muito diferentes. Wagner é uma poesia trágica e Tolkien romance épico. Naturalmente, Tolkien destina sua narrativa para o sucesso, enquanto Wagner para o declínio dos heróis. A poesia (sim, Wagner é um verso) wagneriana é triste e dramática, assim como as grandes tragédias de Shakespeare ou Ésquilo, porém muito mais exageradas, pois tudo em Wagner é megalômano, desde a orquestração até o texto. Existe em Wagner passagens lindas, desde a famigerada "Cavalgada das Walkírias" (Die Walküries, 3º Ato, 1ª Cena: Hojotoho, heiaha) até a linda imolação e a marcha fúnebre de Siegfried (ambas de Göttendämmerung). Recomendo (pessoalmente) a versão de Karajan para o "Der Ring" de Wagner, pois o exagero de Karajan combina perfeitamente com o de Wagner.

Outras influências dessa obra: "Saint Seya" (Os cavaleiros do zodíaco) na saga de Posseidon; Ragnarök Online (em uma Skill do Bardo); Borges no livro O Aleph; jogo Valkyrie Profile (PS2), onde a personagem principal usa do "Der Ring des Nibelungen", Os Simpsons (episódio em que as valquírias descem do céu). Além disso, a obra virou filme, embora eu não saiba exatamente (pois não o assisti) se é baseado no "Der Ring" de Wagner ou se é baseado no "Nibelungenlied" do século XIII. "Der Ring" é baseada na saga dos "Volsungas e dos Nibelungos" e no "Nibelungenlied", que são mitos medievais da região germânica, o que equivaleria ao ciclo arturiano da literatura portuguesa (com "A Demanda do Santo Graal") ou a saga de "Belwulf" nas ilhas britânicas.

Se você quiser baixar o "Der Ring" por Karajan clique aqui. (Link do Blog pqpbach)
Se você quiser baixar o "Der Ring" por Solti ou Moralt clique aqui. (Link do Blog maisumadofalsario)
Se você quiser ter o acesso ao Libretto em portugês (traduzido) e alemão, clique aqui.
Se você quiser comprar "O Livro de Ouro da Ópera" (de Milton Cross) ou "O Anel dos Nibelungos em Romance" (de A. S. Franchini e Carmen Seganfredo) na estante virtual, clique aqui.


Nota (Adicionado dia 17):  Descobri que Harold Bloom escolheu o "Der Ring" de Wagner como um dos melhores "livros" ocidentais (assim como o "Nibelungenlied", "Volsungas" e o "Lord of the Rings"). Acessem o cânone ocidental de Bloom aqui. Aparentemente não é só eu que considero o "Der Ring" como livro.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

8° dia - Livro que você menos recomenda

Não recomendar um livro cai no mesmo problema que recomendar pelo simples fato de que TODO LIVRO SERVE PARA ALGUM LEITOR. Para não recomendar um livro, deve-se haver um bom motivo para tal, portanto, o livro que não recomendo é:

A Origem das Espécies - Charles Darwin
Antes que algum biólogo ou fã do livro me agrida, deixe-me explicar o motivo para não recomendar esse livro.

O motivo na verdade é simplíssimo, não tenho nada contra o livro e adoro o The Origins of Species de Darwin, entretanto, esse livro não possui (até onde eu saiba) uma boa tradução em português. E é só isso. A tradução mais importante de Darwin é do tradutor Joaquim da Mesquita Paul publicada pela Lello & Irmão, e essa tradução é por intermédio do francês e possui uma pérola incrível ("espécies distintas" ao invés de "espécies extintas").

Mais aí você me responde: "Existe também a tradução da Hemus e da Martin Claret não é mesmo?" E aí que respondo: "Parece que não!" Ao que parece, segundo Denise do nãogostodeplágio, que as duas traduções supracitadas são Plágios da tradução de Da Mesquita Paul, e há sérios argumentos, dos quais não duvido disso.

Edições não Recomendadas:
Lello & Irmão
Martin Claret
Hemus


Veja a tradução de Da Mesquita Paul aqui.
Veja o problema de Darwin em Português no nãogostodeplágio aqui.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

7° dia - Livro que você mais recomenda

É muito difícil recomendar um livro, pois depende de cada pessoa. Pelo fato de que a leitura, a priori, consiste em gozar do estético, o livro deve ser agradável ao leitor, que pode gostar de textos fantásticos (aí indicaria Lovecraft), gostar de textos quotidianos (aí indicaria Maria Lúcia Medeiros) ou o leitor poderia gostar de sacanagem (onde Bukowski é um líder).

Entretanto, ACHO que o livro que escolhi deve agradar a todos os leitores.

O Melhor das Comédias da Vida Privada - Luis Fernando Veríssimo
Esse é um livro de crônicas de um dos dois melhores cronistas de humor brasileiros (o outro, a saber é Sérgio Porto) e de um dos cinco melhores cronistas do brasil (os outros são Lindanor Celina, Machado de Assis e Eneida de Moraes). Esse livro é uma coletânea das melhores crônicas de Veríssimo (embora eu sinta falta de "Defenestração"), e é bem divertido. Vale a pena ler.

Edição Lida:
VERÍSSIMO, Luis Fernando. O Melhor das Comédias da Vida Privada. Rio de Janeiro: Objetiva, 2004.

domingo, 10 de outubro de 2010

6° dia - Livro que menos te fez ter a atenção nele

Enigmat: que bicho é esse? - Regina Gonçalves
Essa foi fácil, e tenho vários motivos para ter prestado menos atenção nesse livro.
1º - O livro é infantil, e eu o li esse ano. Não estou mais na idade de ler esse livro.
2º - O livro é voltado às crianças que não gostam de matemática, e a história tem a louvável tarefa de tornar a matemática "mais divertida". O problema é que eu adoro matemática (mesmo sendo um profissional da linguagem), e amo o método "tradicional", descrito no livro como chato.
3º - Não aprendi nada com esse livro, que deveria me ensinar algo.

A história é de um jovem chamado Caio Zip que deveria ser um cara legal e carismático entre as crianças. A personagem é uma típica criança que odeia matemática, entretanto acaba entrando no mundo de Enigmat e deve usar a matemática para vencer os desafios e prosseguir sua aventura. A abordagem do livro é interessante, entretanto, como já falei, acho muito legal o método tradicional da matemática (exceto trigonometria, que é horrível). Um ponto positivo desse livro são as ilustrações, que foram feitas pelas filhas da escritora e são boas e interessantes. Se você tem um filho que acha matemática difícil, recomendo comprar esse livro (de coração), do contrário (se seu filho gostar de matemática, não gostar de ler, ou você não tiver filho), acho melhor investir seu dinheiro em outro livro.

Edição Lida:
GONÇALVES, Regina. Enigmat: Que bicho é esse?. 2ª Ed. Ilustrado por Diana e Vanessa. Rio de Janeiro: Vieira & Lent, 2008, 216p.

sábado, 9 de outubro de 2010

5° dia - Livro que mais te fez ter a atenção nele

Fiquei em dúvida se é pelo livro que me chamou mais atenção por:

1 - Nível de complexidade da leitura (Hommi Bhabha por exemplo)

2 - Riqueza de descrições de lugares e coisas, que obriga a pensar a cada página (O nome da Rosa, O senhor dos Anéis e etc...)

3 - História que te faz dormir, o que obriga a ter mais atenção (Iracema e Helena por exemplo)

Entretanto, a minha escolha é:

Il Barone Rampante - Italo Calvino
O livro que li que mais me fez ter atenção com certeza foi Il Barone Rampante (O Barão Trepador ou O Barão nas Árvores, por conta da ambiguidade do "trepador" aqui no Brasil). O motivo é simples: O livro está em italiano e eu NÃO SEI LER ITALIANO. Claro que tentei, e terminei o livro, mas é horrível interromper a leitura para consultar dicionários. O livro conta a história de um jovem que decide subir nas árvores e não desce nunca mais de lá, o que o obriga a criar um outro mundo (ou um Third Space) em cima das árvores.

Resolvi ler esse livro após ver uma palestra na universidade sobre Guimarães Rosa, onde citaram o Il Barone. Até então não existia uma edição em português do Brasil, apenas uma edição de Lisboa que não tive acesso. Aí consegui emprestado a versão italiana. Por sorte, hoje já possuímos uma edição (pela Companhia das Letras) traduzida por Nilson Molin, que já comprei um exemplar e pretendo ler ainda esse ano.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

4° dia - Livro mais caro que você comprou

Da mesma forma que o livro mais barato, o livro mais caro tem também ser ar de relatividade, e da mesma forma, escolho dois livros diferentes, porém dessa vez não possuem o mesmo preço nem são da mesma editora.

Grammaire expliquée du français - Sylvie Poisson-Quinton; et al

Não tenho muito o que falar desse livro. É apenas uma gramática... explicada.... e da língua francesa. O que posso dizer é que me custou 120 R$ (tá legal, com 20% de desconto saiu a 96 R$). A gramática é boa, mas o preço foi um pouco salgado, mesmo com o desconto.

Edição:
POISSON-QUINTON, Sylvie; MIMRAN, Reine; COADIC, Michèle Mahéo-Le. Grammaire expliquée du français. France: CLE International, 2009.

La Symphonie Pastorale - André Gide
O outro livro mais caro que eu comprei foi o La Symphonie Pastorale do Nobel de Literatura André Gide. O preço do livro foi 50 R$. Sim, não é tão caro quanto a "Grammaire expliquée", mas levando em consideração que é uma edição de bolso, com beeem menos páginas e um formato beeem menor, acho caro. Na verdade, já acho caro as edições de bolso da Companhia das Letras, entretanto, temos que admitir que a qualidade é bem alta, por isso o preço.

Comprei esse livro porque não tinha escolha, queria muito tê-lo e não achei mais barato. Já comecei a ler, mas vou demorar um pouco para terminar, já que meu francês não é tão bom quanto eu esperava (pelo menos não é tão bom quanto meu inglês). A técnica de Gide é impressionante, e o livro é escrito sob forma de "Cahiers", e a narrativa é bem interessante. Fora a relação entre a música e a literatura desde o título (para quem não sabe, a Sinfonia Pastoral é a 6ª Sinfonia de Beethoven), coisa que admiro muito em uma obra. Não é a toa que paguei 50R$ por uma edição de Bolso.

Para dar um pouco de água na boca, leia o início da obra e diga se não é interessante:

<<La neige qui n’a pas cessé de tomber depuis trois jours, bloque les routes. Je n’ai pu me rendre à R… où j’ai coutume depuis quinze ans de célébrer le culte deux fois par mois. Ce matin trente fidèles seulement se sont rassemblés dans la chapelle de La Brévine.
Je profiterai des loisirs que me vaut cette claustration forcée, pour revenir en arrière et raconter comment je fus amené à m’occuper de Gertrude.>>

Existe uma tradução em português desse livro, para quem se interessar. Foi traduzido pela grande tradutora Celina Portocarrero pela editora Francisco Alves, que pode ser encontrado somente na Estante Virtual.

Se você quiser ver a versão original do texto, por estar em domínio público (foi publicada originalmente antes de 1923), está nesse link: http://www.ebooksgratuits.com/pdf/gide_symphonie_pastorale.pdf

Edição:
GIDE, André. La Symphonie Pastorale. France: Gallimard, 1925, 158p. (Impresso em 2009)

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

3° dia - Livro mais barato que você comprou

Pensei durante muito tempo sobre o que seria "Mais Barato". Poderia ser somente o livro (ou "os") que comprei pela menor quantidade de dinheiro. Mas o conceito de barato também é relativo, pois, para mim foi extremamente barato comprar "Diário da Ilha" e "Transtempo" (Lindanor Celina e Benedicto Monteiro respectivamente) autografados por apenas 10 R$ cada. Também posso ter achado barato comprar um Camus novo ou um Milton Hatoum por 6 R$. Posso considerar uma pechincha meu "Novo Dicionário da Língua Latina" que comprei por 80 R$ novo, enquanto o preço de mercado não é menor que 100 R$.


Preferi seguir a primeira opção, e os livros mais baratos que eu comprei foram:


Rubro Amanhecer - Tom Cooper
Esse livro eu comprei em uma banca de revista pelo módico valor de 2 R$. Isso mesmo... 2 R$. De certa forma, foi um preço justo, pois, se pagasse mais por esse livro, provavelmente me arrependeria.

Rubro Amanhecer conta a turbulenta história de amor entre Nancy e Bradford. Há no livro outros personagens como por exemplo Rafe Johnson, Dan Donahue, Ed Richard e o general Tran Vinh Lin, (-SPOILER) um vilão pouco profundo (-SPOILER), além de outros. "Rubro Amanhecer" se compõe de uma história de amor, violência, sangue, aventura, exército americano, cultura oriental, sequestro e etc... tudo que se possa imaginar para impedir o amor do pobre capitão Bradford e sua querida Nancy.

Agora vem os problemas: O livro é um clichê do início até o fim, os personagens possuem descrição muito pobre (isso quando possuem uma descrição), os personagens são pouco atraentes e muito "mecânicos", enquanto o final não é nem um pouco surpreendente. É verdade que há tensão e conflito em todo o livro, mesmo assim, não é um livro que faz muito bem essa tarefa. Outro ponto negativíssimo (essa palavra existe?) do livro é a mistura de elementos (sensualidade, seriedade, ocidente, oriente, entre outros) que não foi muito bem manejada.

Rubro amanhecer é um livro que foi escrito para ser um Best Seller alla Dan Brown, mas falhou em sua tarefa. Talvez o que faltava para esse livro é polemizar a igreja e virar filme (se é que não virou). Não vou nem comentar a tradução do título para não entrar em desgosto (Triad of Knives para "Rubro Amanhecer"). Agora vamos para o próximo livro barato que comprei.

Edição Lida:
COOPER, William Thomas. Rubro Amanhecer. 2ª Ed. Traduzido do inglês por Elsa Joana Frezza. São Paulo: Nova Cultural, 1991, 226p.


Carro dos Milagres - Benedicto Monteiro
Assim como Rubro Amanhecer, comprei o Carro dos Milagres por 2 R$, e por coincidência também é da editora Nova Cultural. Na minha opinião foi uma aquisição mais feliz. Porém nem tanto.

Carro dos Milagres é o primeiro livro de contos do escritor Benedicto Monteiro (nascido em Alenquer e membro da Academia Paraense de Letras, morto em 2008), e veio após os dois primeiros livros de sua Tetralogia Amazônica (Verde Vagomundo, O Minossauro, Terceira Margem e Aquele Um). A obra em si é boa, e até certo ponto revolucionária. A forma com o que Benedicto escreve é interessante e até então inédita no Brasil (mas já havia sido usada por outros escritores, como Camus por exemplo); é muito interessante a relação entre narrador e narratário no livro, bem como as diferentes versões da história no conto "O Sinal", conto esse que na minha opinião é o melhor do livro inteiro.

Mas aí ao comparar "O Sinal" com o conto que deu título à obra "O Carro dos Milagres", vemos uma diferença de qualidade absurda. Para quem interessar possa, "O Carro dos Milagres" é uma conversa (em certa hora um monólogo) entre dois "cumpadres" na festa do Círio de Nazaré (festividade tradicional de Belém do Pará).

Aí vem os outros contos. E:
...
...
...
Não, eles não são ruins, o problema é que são transcrições EXATAS de pequenas narrativas presentes no romance "O Minossauro" (e novamente re-repetidos em "Aquele Um"). Isso inclui os contos: "O Papagaio", "O Precipício", "O Pau Mulato" e "Fim de Mundo". Enfim, a maioria do livro é um recorte de outro romance do autor, que foi recortado de novo e incluído em outro. São ótimos contos, mas o fato de eu ter lido "Aquele Um" antes de "O Carro dos Milagres" me dá a ideia fixa de "falta de criatividade" do autor, e faz com que minha pechincha não seja muito válida.

Por fim, há um outro conto chamado "O Peixe" que também é bom, e que vale apena ser lido, conto esse que mostra a influência dos rios e do pensamento religioso em comunidades ribeirinhas pobres.

Edição Lida:
MONTEIRO, Benedicto. O Carro dos Milagres. 2ª Tiragem exclusiva para o estado do Pará. Rio de Janeiro: Nova Cultural, 1975, 95p. (Co-Edição com a Editora Boitempo).


Como eu fiz quase uma resenha hoje, estou me controlando para não colocar nota nem adicionar marcadores nessas postagens.

Amanhã teremos o livro mais caro.
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