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sexta-feira, 22 de abril de 2011

O Restaurante no fim do Universo - Douglas Adams

Continuando a trilogia de quatro (que por mero acaso são cinco) do Guia dos Mochileiros da Galáxia, o livro seguinte é O Restaurante no Fim do Universo.

Depois da fuga de Magrathea, os "heróis" são atacados e acabam passando por diversas situações "pouco prováveis", o que já é um grande chavão da série. O ápice da história é a chegada dos "heróis" até o Restaurante no Fim do Universo, um restaurante que fica no exato momento do fim de todo o universo, e parte onde contém a maior quantidade de iron ia por lauda. Outro ponto importante é a separação da equipe em duas (Arthur e Ford de um lado e Trillian e Zaphod de outro), onde a primeira equipe se encontra na terra primitiva e a segunda encontra-se com o homem que rege o universo.

Algumas considerações: o livro ainda mantém sua crítica social do primeiro da série, porém essa crítica fica menos frequente e menos violenta (em contrapartida, mais interessante), os personagens estão bem mais coerentes (exceto Ford) e o nonsense é usado com maior maestria nesse volume da série, além do livro está bem melhor escrito.

Logo ao abrir o livro vejo uma introdução bastante interessante:
"Existe uma teoria que diz que, se um dia alguem descobrir exatamente para que serve o universo e porque ele está aqui, ele desaparecerá instantaneamente e será substituído por algo ainda mais estranho e inexplicável * Existe uma segunda teoria que diz que isso já aconteceu."
 Pode parecer trivial, mas percebemos que Adams começa a dialogar com a tradição filosófico-literária, o que aumenta ainda mais a minha ideia de que ele começou a aprender a escrever a partir desse livro. Essas duas teorias na verdade são uma recriação para o problema básico do surgimento do universo pré-big bang. Em uma primeira teoria o big-bang aconteceu e as moléculas se distanciarão até o infinito, onde será o fim. Uma segunda teoria representa uma ciclicidade infinita, e o big-bang já aconteceu infinitas vezes no tempo passado e infinitas no futuro. Juntando-se a isso uma perspectiva "teológica" desprovida de "deus" de finalidade e descoberta, temos uma paródia de ambas as crenças de forma umorada e filosófica. Para a melhor compreensão de que crença "teológica" me refiro, é muito interessante consultar Os Nove Trilhões de Nomes de Deus de Arthur Clarkel.

Fora isso percebemos vários diálogos, geralmente irônicos, envolvendo os livros sagrados cristãos (e dogmas religiosos específicos) e uma parcela da produção editorial humana; acredito também que o autor leu Aristóteles, pois algumas construções argumentativas me lembram a lógica aristotélica. Como avisei anteriormente porém, as criticas agora não são mais ataques diretos, mas uma fina e humorada ironia.

Outra grande vantagem desse livro sobre o primeiro: O Restaurante no Fim do Universo é mais engraçado. Não é tão engraçado a ponto de me fazer gargalhar, mas supera e muito o anterior. A produção gráfica do livro mantém a qualidade padrão da Sextante, apesar da capa ser de péssimo gosto, o que no final das contas não distoa do livro. Por grande bom senso, a editora não mais deixou aquele horrível "15 milhões de cópias vendidas no mundo", que além de não significar nada não é nem um pouco impressionante em questão de números.

A tradução é um ponto importantíssimo (apesar de ter cotejado apenas 5 parágrafos como amostragem) e merece um destaque especial. O trabalho de Carlos Irineu Costa merece um grande destaque pela tradução, que não é tão fácil quanto pode parecer. Há muitas referências culturais (reas e fictícias), muito coloquialismo, mudanças de registro e construções esquisitas, que foram, pelo pouco que vi, muito bem realizadas em português pelo tradutor. O texto traduzido é ligeiramente mais coloquial do que o em inglês, mas isso não compromete a leitura.

Por fim, chego a conclusão de que houve na escrita de Douglas Adams um certo progresso em relação ao Guia do Mochileiro das Galáxias, o que PODE indicar que o próximo livro seja melhor (ou não). Apesar desses indícios, não vou continuar a série, pois meu interesse nela se findou. Essa resenha faz parte do Desafio Literário. Para conferir a minha lista do desafio clique aqui. Para conferir a lista de Abril Clique aqui. O livro pode ser encontrado facilmente em qualquer livraria, afinal, é um best Seller.

Nota do Elaphar: 8,4

Edição Lida:
ADAMS, Douglas. O Restaurante no Fim do Universo. Trad: Carlos Irineu da Costa. Rio de Janeiro: Sextante, 2009, 229p. (O Guia do Mochileiro das Galáxias; v.2) 

sexta-feira, 8 de abril de 2011

O Guia do Mochileiro das Galáxias - Douglas Adams

Partindo do título do livro, a obra começa falando sobre o que é "O Guia do Mochileiro das Galáxias". No universo ficcional, o Guia é o maior Best Seller da galáxia, basicamente uma enciclopédia para poder viajar pelos quatro cantos da galáxia gastando pouco, isso supondo que a galáxia tenha cantos.

O livro conta a humorada história de Arthur Dent após a destruição do planeta terra. Arthur acompanha o alienígena Ford Perfect em uma jornada pelo espaço, e devido uma série de acontecimentos "muito improváveis" acabam se juntando ao presidente da galáxia, sua assistente e um robô maníaco-depressivo.

Primeiro vamos falar dos personages. Arthur é um personagem padrão, e se comporta de forma muito estranha, mas lembre-se que ele é um "estrangeiro", pois nunca viajou pelo universo. Ford Perfect é simplesmente um dos personagens mais mal escritos que já vi. O livro tenta nos mostrar um Ford Perfect estável, com um comportamento X, mas a narração mostra que o comportamento de FP não é X, mas uma mistura de Y e Z. Suas obsevações sobre os humanos são extremamente falhas, e não se aplicam aos alemães (tá legal, a piada foi péssima, admito). O padrão de comportamento que o livro tenta nos dá de Ford é falho, e mais falho é seu comportamento na diegese.

Entretanto, os outros personagens são bem melhor escritos. Zaphod Beeblebrox é um idiota, que de tão idiota e impulsivo chega a ser genial. Sua assistente é apagada, mas consistente. Marvin é um robô carismático entre os leitores (é o personagem favorito da maioria dos leitores, mas não meu), e possui uma inconstância constante, por isso também é um personagem bem escrito.

O Guia do Mochileiro das Galáxias não é um livro de humor tão idiota como pode parecer à primeira vista (mas também não é tão genial quanto nos sugere o prefácio). A obra é uma ácida critica contra a burocracia e a ordem social. Apesar da critica, o prefaciador empolgou-se demais ao afirmar a genialidade, filosofia e cientificidade da obra. Há uma série de falhas grotescas (desconsiderando o humor e fluência) no plano Científico, Linguístico e Filosófico. Acho um extremo exagero relacionar o "gerador de improbabilidade finita" com a "abordagem de caminho integral" de Feynman. Além disso aparentemente Douglas Adams tem um problema (bastante comum diga-se de passagem) absurdo com o conceito filosófico de Lógica. Apesar de tudo, a critica da obra é bastante inteligente, principalmente no que se refere à habitos desnecessários, a burocracia e as classes oprimidas.

O livro é bem humorado, produção gráfica de alta qualidade (miolo em pólem) e uma tradução escrita em bom vernáculo. Claro, possui um "15 milhões de exemplares vendidos no mundo" bem no topo da capa, o que pra mim não significa nada. Não sei da qualidade da tradução como "tradução", pois nada nem ninguem vai me obrigar a ler esse livro em inglês.

Essa resenha faz parte do Desafio Literário. Para conferir a minha lista do desafio clique aqui. Para conferir a lista de Abril Clique aqui. O livro pode ser encontrado facilmente em qualquer livraria, afinal, é um best Seller.

Nota do Elaphar: 8,3

Edição Lida:
ADAMS, Douglas. O Guia do Mochileiro das Galáxias. Trad: Paulo Fernando Henriques Britto & Carlos Irineu da Costa. Rio de Janeiro: Sextante, 2009, 204p. (O Guia do Mochileiro das Galáxias; v.1)
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