De todos os dias do desafio, esse com toda certeza é o mais difícil. Primeiro, pelo fato de eu analisar os livros individualmente e não gostar de analisar em série, pois a história pode até ser boa, mas se um livro for ruim, considero esse livro como ruim e pronto. Segundo, porque li poucas séries completas, sendo que nem dos Olimpianos nem dos Guia dos Mochileiros da Galáxia li nenhum, li somente um dos livros de Hary Potter (A Câmara Secrteta) e O Senhor dos Aneis (A Sociedade do Anel), e ainda me falta um da série A Divina Comédia (O Paraíso), da Tetralogia Amazônica (A Terceira Margem) e da Lindanor Celina (ainda me falta Estradas do Tempo-Foi) entre outros. Dentre as poucas séries que li incluem-se: Eneida (de Virgilio) e Metamorfoses (de Ovidio).
Mas decidi escolher uma série muito diferente para colocar como minha preferida, e escolhi:
Der Ring des Nibelungen - Richard Wagner
Algum leitor mais tradicional pode me dizer: "Peraí! Wagner não é livro é Ópera"? Aí que eu respondo: "Shakespeare não é livro, é teatro" aí você pode me perguntar: "Mas Wagner foi feito para ser cantado e tocado" aí eu respondo: "E Homero? E Carmina Burana?" Não há argumentos que me façam mudar de ideia de botar o "Der Ring" de Wagner como a maior série de todos os tempos, entretanto, há muitos argumentos para considerar essa obra como a sua melhor série.
Primeiro, se você gosta de Hary Potter e outras séries de fantasia medieval (Como Eragon, Dragonlance, Darksun, Tagmar ou os Olimpianos), pode ter certeza que foi graças a Tolkien, e Tolkien deve muito a "Der Ring" de Wagner.
"Der Ring des Nibelungen" é uma série de quatro narrativas (originalmente em óperas, publicadas em libretos) que contem as óperas "Das Rheingold" (O Ouro do Reno), "Die Walkürie" (As Valquírias), "Siegfried" (Siegfied) e "Göttendämmerung" (Crepúsculo dos Deuses). É uma "pequena" ópera de mais de 13 horas de duração e que é espetacular. "Der Ring" é tão importante, que é uma das primeiras (se não a primeira) ópera em que o libretista é o compositor.
A semelhança com Tolkien é incrível (levando em consideração que Wagner é anterior). As duas histórias são basicamente formada em três libretos/livros (Die Walkürie/A Sociedade do Anel, Siegfried/As Duas Torres, e Göttendämmerung/O Retorno do Rei), mais uma narrativa curta introdutória (Das Rheingold/O Hobbit), sem incluir "O Silmarilion" de Tolkien que é póstumo e nunca teve a intenção de ser publicado. Como já li "A Sociedade do Anel", sinto-me mais seguro de fazer a comparação com "Die Walkürie", que se segue:
Primeiro: A história se baseia em um anel superpoderoso, que pode dominar a todos (isso pode ser descoberto sem ler/ouvir a narrativa introdutora). Após isso, há a interferência de diversas raças não-humanas na história (Elfos, Anões e Hobbits em Tolkien enquanto Deuses, Gigantes e Nibelungos em Wagner). Tudo a partir daí ruma para o sucesso, considerando alguém como o portador das esperanças do grupo (Frodo Bolseiro em Tolkien e Siegmund em Wagner), sendo que a narrativa avança até...
que...
Tudo começa a ruir. Em Tolkien a sociedade se desfaz por conta da ambição de um humano, enquanto em Wagner pela moral divina. Enquanto ninguém mais é capaz de proteger Frodo, Sigmund morre pela lança do próprio pai, o deus Wotan (equivalente ao Thor nórdico). É incrível como até as esperanças para o próximo livro/libreto mantém-se, com a possibilidade de auxílio pelo resto da sociedade (Tolkien) ou pelo filho de Sieglinde (Siegfried) e o congelamento de Brünilde (Wagner). Só lendo as duas obras para ver como são semelhantes, fora o fato do próprio Tolkien ser fã da série de óperas de Wagner, e considerá-lo uma influência importante (a mais importante) para sua obra.
Claro, há diferenças, pelo fato de serem textos muito diferentes. Wagner é uma poesia trágica e Tolkien romance épico. Naturalmente, Tolkien destina sua narrativa para o sucesso, enquanto Wagner para o declínio dos heróis. A poesia (sim, Wagner é um verso) wagneriana é triste e dramática, assim como as grandes tragédias de Shakespeare ou Ésquilo, porém muito mais exageradas, pois tudo em Wagner é megalômano, desde a orquestração até o texto. Existe em Wagner passagens lindas, desde a famigerada "Cavalgada das Walkírias" (Die Walküries, 3º Ato, 1ª Cena: Hojotoho, heiaha) até a linda imolação e a marcha fúnebre de Siegfried (ambas de Göttendämmerung). Recomendo (pessoalmente) a versão de Karajan para o "Der Ring" de Wagner, pois o exagero de Karajan combina perfeitamente com o de Wagner.
Outras influências dessa obra: "Saint Seya" (Os cavaleiros do zodíaco) na saga de Posseidon; Ragnarök Online (em uma Skill do Bardo); Borges no livro O Aleph; jogo Valkyrie Profile (PS2), onde a personagem principal usa do "Der Ring des Nibelungen", Os Simpsons (episódio em que as valquírias descem do céu). Além disso, a obra virou filme, embora eu não saiba exatamente (pois não o assisti) se é baseado no "Der Ring" de Wagner ou se é baseado no "Nibelungenlied" do século XIII. "Der Ring" é baseada na saga dos "Volsungas e dos Nibelungos" e no "Nibelungenlied", que são mitos medievais da região germânica, o que equivaleria ao ciclo arturiano da literatura portuguesa (com "A Demanda do Santo Graal") ou a saga de "Belwulf" nas ilhas britânicas.
Se você quiser baixar o "Der Ring" por Karajan clique aqui. (Link do Blog pqpbach)
Se você quiser baixar o "Der Ring" por Solti ou Moralt clique aqui. (Link do Blog maisumadofalsario)
Se você quiser ter o acesso ao Libretto em portugês (traduzido) e alemão, clique aqui.
Se você quiser comprar "O Livro de Ouro da Ópera" (de Milton Cross) ou "O Anel dos Nibelungos em Romance" (de A. S. Franchini e Carmen Seganfredo) na estante virtual, clique aqui.
Nota (Adicionado dia 17): Descobri que Harold Bloom escolheu o "Der Ring" de Wagner como um dos melhores "livros" ocidentais (assim como o "Nibelungenlied", "Volsungas" e o "Lord of the Rings"). Acessem o cânone ocidental de Bloom aqui. Aparentemente não é só eu que considero o "Der Ring" como livro.
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