Sultana Levy foi uma escritora paraense que morreu nos Estados Unidos. Apesar de viver muitos anos no exterior, nunca abandonou a nacionalidade brasileira. Publicou muito em jornais e revistas literárias do brasil e seus livros são ambientados em seu país natal.
Papéis é um conjunto de crônicas literárias, biográficas, jornalísticas e palestras, se é que podemos chamar alguns de seus textos de crônica, já que alguns são muito grandes e mais parecem ensaios. As temáticas são muito variadas, então vou falar de cada uma individualmente.
O primeiro texto é uma crônica/ensaio biográfico de Antônio José da Silva, "O Judeu", um importante dramaturgo português (não interessa se ele nasceu ou não no Brasil. Era português e pronto!). Sultana conta a história da vida do escritor e acaba relacionando biografia com obra. O mesmo é feito no segundo texto, porem agora fala sobre Goya, biografia e obra.
O terceiro texto fala sobre a amizade de Cézanne e Zola, como um influenciou a obra do outro e o fim dessa amizade. O maior problema dessa crônica é o "aportuguesamento" dos nomes (Paul e Émile para Paulo e Emílio). Em seguida vem um interessante texto sobre Machado de Assis, embora sem profundidade.
Ainda sobre biografias, Sultana escreve sobre dois personagens da Inconfidência Mineira (Tiradentes e Gonzaga) nos dois textos a seguir. Não deve-se levar muito a sério os dois textos, e juntos formam os que menos gostei do livro, tanto por seu valor literário quanto histórico. A outra crônica é uma belíssima crônica literária, seguida de um ensaio artístico muito interessante sobre a questão da fé e da arte.
O 9º texto é a transcrição de uma palestra sobre a imigração judaica no Brasil; palestra também é o 11º, onde Sultana fala sobre grandes mulheres. O 10º e o Último texto também são cronicas literárias muito boas. o 12º fala sobre uma personalidade da guerra do Paraguai que foi retratada em A Retirada da Laguna.
Não posso fazer uma análise muito profunda sobre os textos de Levy por um motivo bem simples: os textos são rasos e sem profundidade. Apesar de haver muitas informações contidas neles, os textos carecem de credibilidade. Apenas 4 ou 5 textos são literariamente belos. Enfim, a escritora não ultiliza todo o seu potencial no gênero crõnica, apesar de escrever bons romances, pelo que pude conferir. Para piorar, a edição é ruim, sem arte de capa e sem nada na contracapa, sem orelhas, péssimo papel e diagramação, além de uma revisão ruim, cheia de erros em letras (c ou é no lugar de e, r no lugar de n entre outros).
Esse livro faz parte do desafio literário no mês de maio. Para conferir a lista do desafio clique aqui.
Nota do Elaphar: 7,9
Edição Lida:
LEVY, Sultana. Papéis. Belém: Grafisa, 1999, 221p.
Pôxa, que pena! Parecia-me bem promissor. Mesmo assim, me deu uma baita vontade de ler os escritos da referida autora.
ResponderExcluirValeu!
Me encanta quando as pessoas não negam suas origens, assim como no caso de Levy. Livro interessante, parece que é desprendido (tipo não precisa ser lido pela ordem dos capítulos), ótimo!
ResponderExcluirBoa resenha,
beijos :>