Desculpem novamente a demora... os trabalhos da UFPA estão me tirando todo o tempo que tinha livre para falar de literatura à toa. Esse livro (que comprei no início do ano) me foi indicado por uma amiga que possui um gosto literário muito parecido com o meu (com algumas pequenas divergências), o que já era uma pre-disposição para eu gostar do livro.
Existe uma temática recorrente na literatura brasileira contemporânea, que é a problemática da vida atual em relação ao passado, as diferenças entre o cotidiano atual e as lembranças (nem sempre felizes) e traumas passados. Nessa temática inclui-se o livro Tempos Férteis de Beatriz Moreira Lima e também este, só que de formas bastante diferentes.
Cristovão Tezza é um dos escritores novos mais renomados da atualidade, com um sucesso incomum de venda e de crítica especializada (desconsidero a crítica jornalística e midiática por, na maioria das vezes, não valer nada). Seu livro "O Filho Eterno" ganhou uma série de prêmios importantes como o Jabuti, o Portugal Telecom e o da APCA. "Um Erro Emocional" é o livro mais recente do escritor.
Antes de falar do livro propriamente dito, me permitam mais uma divagação sobre a técnica do Fluxo de Consciência (técnica muito usada nesse livro). Muitos pensam que essa técnica é bem recente ou vanguardista, mas na verdade é um recurso estilístico bem velho (ao que me consta, usado pela primeira vez por Laurence Sterne). Acho particularmente interessante como um recurso que era considerado "Erudito" ou "Intrincado" passou a ser tão popular e apreciado por muitos leitores que não possuem a mínima proficiencia de leitura (compreensão e interpretação de um texto literário). Para confirmar basta ver o número de livros utilizando essa técnica atualmente, e a popularidade de escritores do cânone que usam e abusam desse recurso (como Clarice Lispector). Um Erro Emocional é basicamente composto sobre o fluxo de conciência dos personagens, mas há características marcantes que não o fazem um livro vulgar.
"Cometi um erro emocional", assim inicia-se o livro, em uma situação absurda e gratúita o protagonista do livro (um escritor chamado Paulo Donetti) entra na casa da protagonista (Beatriz, e fan nº1 do escritor) confessando o seu erro (emocional) e sua paixão pela personagem. A partir desse acontecimento, a narrativa se desenvolve entre um copo de vinho e outro (e eu um breve momento um chá).
Mais importante do que o que é dito e o que é feito, é o que não é dito, o que deveria ser feito, o que poderá vir a ser feito e o que aconteceu. A narrativa está incluinda em um processo temporal complexo, onde pretérito perfeito e presente ligam-se intimamente, além da presença do mais-que-perfeito e do futuro do pretérito. Definitivamente, esse não é um livro que se possa definir em algumas poucas palavras que cabem nessa resenha, portanto, acho que encerro aqui, recomendando seriamente a leitura desse livro, tanto por sua qualidade técnica, por sua profundidade psicológica e pela agradabilidade da leitura.
Esse livro é bônus do desafio literário do mês de Julho.
Nota do Elaphar: 9,2
Edição Lida:
TEZZA, Cristovão. Um Erro Emocional. Rio de Janeiro: Record, 2010, 191p.
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quinta-feira, 14 de julho de 2011
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