No dia 1º de Fevereiro de 2011, o escritor paraense Alfredo Garcia lançará seu novo livro em formato de e-book. O livro terá como título Contwitters (referência ao Twitter), e reunirá 50 minicontos escritos em 50 dias. O e-book será disponibilizado gratuitamente na página paginanua.wordpress.com .
Já falei sobre Alfredo Garcia aqui, e já falei o quanto esse escritor possui habilidade para mudar de técnica de escrita.
Para quem não sabe, o miniconto (microconto ou nanoconto) é um gênero de escrita que se caracteriza pela absurda concisão. O miniconto é para o conto tradicional o que o Haikai é para a poesia épica. Embora a maioria das pessoas acharem o contrário, quanto menor o conto, mais difícil é criá-lo, pois deve-se manter a qualidade narrativa e deve-se possuir também alta poeticidade para que o leitor preencha os vácuos da narrativa. Há muitos mestres na escrita de contos pequenos, dentre eles posso citar os paraenses Haroldo Maranhão e Maria Lúcia Medeiros; os brasileiros Ricardo Ramos e Dalton Trevisan. A maioria desses contos pequenos se assemelham a poesia e crônica, mas pela presença de um núcleo dramático fechado acabam por possuir ainda características de conto.
Agora, se querem a minha opinião sincera sobre os microcontos, aqui vai ela. Em primeiro lugar, acho extremamente errado limitar a construção de um texto a 150 caracteres. Não que ache impossível criar um bom conto sob esse aspécto (Hemingway conseguiu criar um bom conto com menos de 50 letras), mas restringir a criação a isso é que é o maior problema, se o conto sair naturalmente nesse tamanho, não vejo problema, mas propositalmente criar 50 contos em velocidade récorde nesse formato considero meio abusivo. De qualquer forma, a escrita constringida não é o maior problema se a obra ficar boa, afinal, existem mestres em limitar a própria escrita (como Perec).
Mas aí vem o maiorproblema, e a segunda coisa que não concordo com esse gênero. Até hoje, só vi um único microconto que me agradou (que foi o do Hemingway que citei acima). Já li vários textos desse gênero, mas não me agradou, da mesma forma que não me agrada a paixão dos concretistas em poemas de uma única palavra. E por fim, não chego nem a considerar os microcontos como gênero de conto, mas sim como um subgênero da poesia minimalista.
De qualquer forma, vou dar uma lida nesse livro assim que for lançado, afinal, não posso usar minhas experiências anteriores para definir um livro, e, de qualquer modo, acho extremamente interessante a idéia de lançamento gratúito por e-book. Aproveitar os recursos da tecnologia para a divulgação de um trabalho literário é sempre muito interessante.
OLÁ ELAPHAR:
ResponderExcluirPrimeiro quero te agradecer a análise do meu MEMÓRIAS DO QUINTAL (CONTOS), muito gentilmente resenhado por você, com rara competência, aliás.
Por sinla, gostaria de ter tua autorização para incluir trecho de teu texto em meu próximo livro, PORANDUBAS (Crônicas),a sair em março.
Quanto ao CONTWITTERS, espero que leias e gostes, a parte o preconceito que estes nanocontos possam despertar, e até gerarem uma certa polêmica.
Abraços,
ALFREDO GARCIA
alfredogarcia@amazon.com.br
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ResponderExcluirOlá Alfredo Garcia:
ResponderExcluirGostaria de agradecer, em primeiro lugar, a visita e obrigado pelo elogio à resenha de Memórias do Quintal. Quanto à autorização para a publicação de parte de meu texto, podes ficar à vontade; ficarei extremamente honrado por isso, afinal, já mostrei na minha resenha o quanto aprecio seu trabalho e o quanto gosto de seus contos. Só gostaria de pedir que me informe a data do lançamento, pois estarei lá para comprar o livro, pois tambem adoro o gênero Crônica, que muitas vezes é relegado ao título de "gênero menor", o que não concordo. E se tratando de CONTWITTERS, já baixei o livro e irei ler muito em breve.
Atenciosamente:
RAPHAEL SOARES (ELAPHAR)