A primeira coisa que chama atenção no livro é o projeto gráfico que é extremamente bem feito, o que é bastante interessante já que a edição desse livro não conta com o auxílio de uma grande editora, mas o projeto gráfico do livro é tão bom que por si só já vale a pena sua compra. O livro não possui lombada, o que é não é necessário, já que é um livro pequeno.
A capa é uma beleza, o que jurava ser improvável, pois a grande maioria das capas de livro amarelas são feias (exceções a essa regra são as capas mais simples ou que só contenham o nome do autor e da obra). As ilustrações de Maíra Bellini não aparecem apenas na capa, mas o livro todo é ilustrado nesse modelo de desenho estilizado e P&B, porém muito bonito, e muitas ilustrações (por exemplo a da página 11) são perfeitas e combinam com a poesia da página. O texto dentro do livro é bem colocado, não ficando muito próximo do corte nem afastado demais, harmonizando-se com a página e as ilustrações. A única crítica fica com a numeração da página que é muito grande e fica na parte de cima, mas isso é apenas por gosto pessoal mesmo, e não porque o projeto gráfico é deficiente.
Quanto aos poemas contidos no livro, há um leve teor erótico, porém sem jamais ser pornográfico, há uma diferença bem clara entre poesia erótica e pornográfica (esse link é para uma poesia pornográfica, se você não gosta não clique, e se você é um tarado(a) talvez pode preferir esse aqui, agora chega de pornografia, pois Gilson Cavalcante não tem nada a ver com esse tipo de texto, ou melhor, as vezes tem).
O mais interessante do livro Anima Animus, são os jogos de personagens femininas pagãs e cristãs (mas NÃO aparece Vênus em nenhuma poesia), sendo que Eva de Adão e Penelope Vlixi são as mais reincidentes. O primeiro poema do livro é um culto à Eva (assim como fez Ovídio à Penelope), e é dividido em duas partes, e é um excelente poema, assim como muitos do livro. Além de Eva e Penelope, há diversas outras personagens utilizadas de ouros autores como Amélia (de Mário Lago e Ataulfo Alves), e diversos outros nomes, que participam de jogos diversos jogos semântico-semióticos, alguns de bom gosto, outros não.
Há, entretanto, nesse livro, alguns poemas de gosto extremamente duvidosos ou de beleza poética questionável. Alguns por não possuírem beleza e serem poemas praticamente "abortados" (forçados a vir a luz) como é o caso de Senha. Isso entretanto é perdoável pois muitos grandes poetas já fizeram muitas vezes a mesma coisa (e em muitos casos com muita frequência), dentre eles Max Martins, Manuel Bandeira, Carlos Drummond e etc... Outra coisa é a característica própria de livros de poesia, que nunca têm 100% de poesias que o leitor aprova, e todo o leitor de poesia desgosta de pelo menos uma poesia do livro (exceto o que escreveu, talvez), e o livro que mais chegou perto da perfeição (na minha visão como leitor) foi o "Eu e outras poesias" de Augusto dos Anjos.
Como avaliação final, digo que esse livro de Gilson Cavalcante me agrada, pois é um culto às mulheres de todas as formas possíveis, de todas as caras. Gilson trata da vaidade feminina e da beleza, sem contudo deixar suas mulheres "pobres" em sua poesia. Aparecem mulheres de personalidade forte. Muitas poesias são boas (outras claro, não me agradaram, o que não significa que são ruins). É um livro que vale a pena ser comprado e lido. Esse livro também prova que um bom projeto gráfico melhora e muito a qualidade e poder de atração de um livro (enquanto a coleção Biblioteca Borges da Companhia das Letras prova que um bom projeto gráfico atrai vendas)
Nota do Elaphar: 8,3
Edição Lida:
CAVALCANTE, Gilson. Anima Animus: o decote de Vênus. Palmas: S/E, 2009, 56p.
BÔNUS
Renúncia e arrependimento
Em Penélope, a renda.
Em madalena, o arrependimento.
Quem com o fio tece
a arte do acontecido
não se perde ou esquece
a cor da vida no vício.
Arrependida, Madalena confia
a Penélope suas melenas:
tranças des(a)fiando renúncia.
Madalena doidivina
saiu fora da linha.
Nem por isso atira pedras,
vive de enfiar as lágrimas
dentro da agulha fina.
Pecado Primordial (I)
Sou Eva
a viva flor primeva
a que desceu do paraíso
a par do que precisa
consertar.
Sou Eva
doida doída
doidivana doidivina
a que se dividiu na dor
parindo outras dores.
Fui Eva
de cama mesa banho
meu corpo não tem tamanho
e cabe na cama de asoecer
os homens.
Sou Eva
e trago o pecado
na carne hipocondríaca
contorcida entre costelas.
A serpente entretelada
de estrelas.
O amor de Rosa
Rosa feriu-sepor conta de amardesesperadamente.Amou tanto que ficoudemente.
A cabeça fora do lugardeslo(u)cada no tempo.Tronco, membrosremovidos ao vento.
Rosa, tristemurchou. Seu nomeespetado no espinhodespetalou-se.
Rosa sem carinho.
Isso há de acordá-lapara set esta florou a florestaencantada.
ainda não vi esse livro por aqui. é ebook ou emprestado???
ResponderExcluirgostei muito do AMOR DE ROSA.
ei, acabei de fazer minha prmeira resenha \o/ vai lá ver e me dá sua nota rs
coisadelivro.blogspot.com
Gosto em particular desta:
ResponderExcluirÚltimo ato
Cmpletamente nu.
Nu de tudo, nu de todos.
Agora estou pronto
pra vestir a carne dos anjo
e balaçar nos galhos
da árvore da volúpia
sem nenhuma fantasia.
Fecham-se as cortinas
porque a vida vai começar
do outro lado do espelho.
Ti@, o livro é de um poeta que conheci numa noite cultural em Taquaruçu/Palmas. Vi ele declamando seus poemas e gostei. Comprei dois livros e bebi algumas cervejas com ele.
ahhhhhhhhhh tá...
ResponderExcluirimaginei q fosse seu...