quinta-feira, 5 de maio de 2011

Papéis - Sultana Levy

Sultana Levy foi uma escritora paraense que morreu nos Estados Unidos. Apesar de viver muitos anos no exterior, nunca abandonou a nacionalidade brasileira. Publicou muito em jornais e revistas literárias do brasil e seus livros são ambientados em seu país natal.

Papéis é um conjunto de crônicas literárias, biográficas, jornalísticas e palestras, se é que podemos chamar alguns de seus textos de crônica, já que alguns são muito grandes e mais parecem ensaios. As temáticas são muito variadas, então vou falar de cada uma individualmente.

O primeiro texto é uma crônica/ensaio biográfico de Antônio José da Silva, "O Judeu", um importante dramaturgo português (não interessa se ele nasceu ou não no Brasil. Era português e pronto!). Sultana conta a história da vida do escritor e acaba relacionando biografia com obra. O mesmo é feito no segundo texto, porem agora fala sobre Goya, biografia e obra.

O terceiro texto fala sobre a amizade de Cézanne e Zola, como um influenciou a obra do outro e o fim dessa amizade. O maior problema dessa crônica é o "aportuguesamento" dos nomes (Paul e Émile para Paulo e Emílio). Em seguida vem um interessante texto sobre Machado de Assis, embora sem profundidade.

Ainda sobre biografias, Sultana escreve sobre dois personagens da Inconfidência Mineira (Tiradentes e Gonzaga) nos dois textos a seguir. Não deve-se levar muito a sério os dois textos, e juntos formam os que menos gostei do livro, tanto por seu valor literário quanto histórico. A outra crônica é uma belíssima crônica literária, seguida de um ensaio artístico muito interessante sobre a questão da fé e da arte.

O 9º texto é a transcrição de uma palestra sobre a imigração judaica no Brasil; palestra também é o 11º, onde Sultana fala sobre grandes mulheres. O 10º e o Último texto também são cronicas literárias muito boas. o 12º fala sobre uma personalidade da guerra do Paraguai que foi retratada em A Retirada da Laguna.

Não posso fazer uma análise muito profunda sobre os textos de Levy por um motivo bem simples: os textos são rasos e sem profundidade. Apesar de haver muitas informações contidas neles, os textos carecem de credibilidade. Apenas 4 ou 5 textos são literariamente belos. Enfim, a escritora não ultiliza todo o seu potencial no gênero crõnica, apesar de escrever bons romances, pelo que pude conferir. Para piorar, a edição é ruim, sem arte de capa e sem nada na contracapa, sem orelhas, péssimo papel e diagramação, além de uma revisão ruim, cheia de erros em letras (c ou é no lugar de e, r no lugar de n entre outros).

Esse livro faz parte do desafio literário no mês de maio. Para conferir a lista do desafio clique aqui.

Nota do Elaphar: 7,9

Edição Lida:
LEVY, Sultana. Papéis. Belém: Grafisa, 1999, 221p.

2 comentários:

  1. Pôxa, que pena! Parecia-me bem promissor. Mesmo assim, me deu uma baita vontade de ler os escritos da referida autora.

    Valeu!

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  2. Me encanta quando as pessoas não negam suas origens, assim como no caso de Levy. Livro interessante, parece que é desprendido (tipo não precisa ser lido pela ordem dos capítulos), ótimo!
    Boa resenha,
    beijos :>

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