terça-feira, 12 de abril de 2011

O Homem Bicentenário - Isaac Asimov

Assimov é um escritor americano que simplesmente é considerado uma pequena divindade da Sci-fi, junto de Arthur Clark. Escreveu mais de 500 livros, dentre eles romances, contos, novelas, textos científicos e etc... O Homem Bicentenário é (provavelmente) sua obra mais conhecida, e que virou um filme bem famoso. Outras obras famosas do autor são: Eu Robô, Trilogia da Fundação, O Cair da Noite, Serie Robôs e O Fim da Eternidade.

Geralmente, quando falamos sobre um livro que virou filme espera-se uma comparação entre ambos. Procurarei evitar por dois motivos: 1º Minha sensibilidade cinematográfica não é muito boa, e 2º o filme possui pouquíssima relação com o livro. Ambos são boas obras, mas diferem-se bastante entre si.

O Homem Bicentenário foi escrito para figurar em uma antologia (referente ao bicentenário de independência dos EUA)k, mas duas coisas saíram erradas: o texto ficou duas vezes maior do que deveria e o projeto da antologia não avançou. Em contrapartida, ganhamos um dos melhores contos de Sci-fi.

Seguindo o mote das 3 leis robóticas (que não sei se surgiram em Círculo Vicioso ou Eu Robô) inicia-se o livro. Conhecemos então Andrew, um robô diferente. A família (os donos de Andrew) é composta pela mãe, o pai, e duas filhas (a mais nova o robô chama de filhinha até sua morte depois dos 80 anos). Todos gostam de Andrew, que é um verdadeiro artista e recebe bastante dinheiro, que usa para comprar sua alforria, o que deixa o pai furioso.

Após a morte do pai, Andrew passa a andar vestido, o que causa indignação geral. Acontece um terrível episódio, onde dois jovens exploram Andrew (lembre-se, as 3 leis), e faz o filho de "filhinha", que é advogado, iniciar uma movimentação judicial para proteger os robôs. Também inicia-se uma briga para que a fábrica de robôs opere modificações em Andrew, modificações essas que serão feitas por todo o livro.

Andrew escreve um BestSeller sobre robôs, e depois pesquisa ciência, criando próteses no sentido de ajudar a raça humana e se "humanizar". A luta final de Andrew é para ser oficialmente considerado "humano", que acaba conseguindo apenas com sua morte, pois a mortalidade era, em seu ponto de vista, a única diferença restante entre ele e os humanos.

O livro, apesar de seu tamanho curto é carregado de percepções sagazes do autor. O medo humano em relação aos robôs é bem colocado e explorado, além de algumas questões sociais, como do episódio dos vândalos ou a primeira aparição do advogado da família, mas principalmente nas modificações internas que ocorrem na fábrica de Robôs. Andrew não é humano, e isso é fácil de perceber no livro, pois sua personalidade não é humana, nem mesmo comparando-a com outra mais aparentada como a de Meursault (de O Estrangeiro), mas também não podemos classificar Andrew como um robô (segundo as propostas do livro). Andrew não possui o seu lugar, é um exilado, um estrangeiro.

Por fim, ao livro segue-se o conto Círculo Vicioso, que também é uma história sobre robôs (mais tradicionais), porém, Círculo Vicioso passa-se em uma exploração no planeta mercúrio. É uma excelente história, mas não é profunda psicologicamente e socialmente como O Homem Bicentenário, embora também seja escrita com maestria e coerentemente. Produção da L&PM como sempre de boa qualidade, mesmo para os livros pequenos e baratos (esse custava 5,50R$ na época). Tradução em bom vernáculo. Portanto, um excelente livro para comprar e iniciar a leitura no universo assimoveano.

Essa resenha faz parte do Desafio Literário. Para conferir a minha lista do desafio clique aqui. Para conferir a lista de Abril Clique aqui. O livro pode ser encontrado facilmente em qualquer livraria, afinal, é um best Seller.

Nota do Elaphar: 9,0

Edição Lida:
ASSIMOV, Isaac. O Homem Bicentenário. Trad: Milton Persson. Porto Alegre: L&PM, 1997, 120p. (Coleção L&PM Pocket; v.57)

4 comentários:

  1. Fiquei sabendo da existência desse livro pelo DL. Nunca assisti ao filme.
    Estou lendo Eu,Robô, e não achei nada parecido com o filme. Na verdade achei melhor, na minha opinião explica muito melhor como os robôs se rebelam e o porquê.
    Sempre tive curiosidade de saber a história do filme O Homem Bicentenário, e agora sabendo que existe o livro, prefiro ler o livro.
    Ótima resenha!
    Beijocas

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  2. Não li nada do autor. E só assistir o filme Eu, robô. E como foi comentado anteriormente provavelmente não tem nada a ver uma coisa com a outra.

    Ótima resenha!

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  3. A história assinala questões profundas que, para além da filosodia da contemplação, busca resposta práticas. Gosto muito do filme.

    Bjs

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  4. Por varias vezes pensei em comprar este livro, mas penso: será cansativo? o mesmo blá,blá,blá de homem e máquina?
    Agora lendo sua resenha já estou pensando diferente.
    Boa leitura, beijos

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