Mais uma vez Camus, filósofo e escritor existencialista, amigo (e posteriormente ex-amigo) de Jean Paul Sartre e Simone de Beauvoir. O Estrangeiro é a obra mais conhecida do escritor (e recordista de vendas em versão de bolso na França), entretanto, diferentemente de A Queda, esse livro não se trata de um livro filosófico.
O livro narra a história de um argelino chamado Meursault, e é narrado pelo próprio personagem. O tempo da narrativa é posterior a diegese, entretanto, a distância temporal narrativa-diegese não é muito grande, e ambos os tempos são mutáveis. A história se inicia com a morte da mãe, e, sem demonstrar nenhuma reação exasperada, Meursault vai até o asilo, onde a vela e a enterra. No outro dia, Meursault começa um relacionamento com uma moça atraente chamada Marie. Depois vai trabalhar. Até esse ponto, percebemos que a morte da mãe não mudou em nada a vida do protagonista.
Os acontecimentos que se seguem envolvem os visinhos, e dentre eles Raymond, um proxeneta e afirma ser negociante, e Meursault é envolvido por uma série de situações que lhe são alheias, mas que devido à organização delas, acaba matando um árabe. A segunda parte se passa após o assassinato, onde o personagem está na cadeia, e há os inqueritos, defesa, julgamento e posteriormente a condenação à morte.
Muita coisa do perfil de Meursault chama a atenção, entre elas as suas respostas para tudo (que é basicamente um "Tanto faz" ou um "não sei"). O comportamento do protagonista é interpretado pela crítica como o de alguem completamente alheio a tudo o que narra e um ser desprovido de sentimentos. Eu, pessoalmente, discordo da opinião crítica.
Acho Meursault um ser humano pleno, e não acho que ele está completamente alheio ao que narra. Muito pelo contrário, acho que ele está sempre incluso dentro do que narra (embora muitas vezes deslocado, como um estrangeiro), porém de uma forma especial. A narração de Meursault não é completamente desprovida de sentimentos e impressões pessoais, apenas alguns sentimentos e impressões não se fazem presentes, e essa falta ínfima nos dá a impressão de que todos os outros faltam. O livro não é absurdo, mas sim muito natural, e por toda essa naturalidade, acaba aparentando-se absurdo. É um paradoxo que é muito bem aproveitado pelo escritor.
O último capítulo da 2ª parte é um caso bem especial. Esse capítulo é simplesmente fantástico e diferente de todos os outros capítulos do livro. Não me sinto apto, hoje, de comentar a grandeza dessas 10 páginas que estão dentro e fora do livro, pois tudo que disse antes (sobre Meursault e o natural-absurdo) não se aplicam nesse pedaço do livro. Fica a critério dos leitores se exprimirem à respeito.
Tentei primeiro ler esse livro em francês, mas não consegui, então apelei para uma tradução. A tradução de Rumjanek (Record-BestSeller-BestBolso) é muito bem escrita, e confio nela. Quanto à produção gráfica, gosto da edição da BestBolso, que é um exemplo de qualidade em livros de Bolso, exceto pela capa, que é muito fina. A produção gráfica da edição da Folio da Galimard é tão ruim que não vale nem a pena ser comentada, desde o papel, capa, fonte e tetc..
Nota do Elaphar: 9,5
Edição Lida:
CAMUS, Albert. O Estrangeiro. Trad: Valerie Rumjanek. Rio de Janeiro: BestBolso, 2010, 110p. (Edições BestBolso, 172)
Eu também gostei desse livro quando o li. Nele aparece toda a filosofia francesa que se iniciava com Camus e seu círculo de amigos e escritores filósofos, como Sartre. A crítica do escritor foi bem produzida, por isso houve tanta repercussão da obra. Um livro excelente.
ResponderExcluirÉ sem duvida uma grande obra.
ResponderExcluirUma das melhores que já li até hoje. O comportamento absurdo contrasta bastante com a lucidez desta personagem.
Desculpe vir corrigir sua ortografia.
ResponderExcluirNo terceiro parágrafo, a palavra "vizinhos", está escrita com "s".
Por favor, após ler, fique à vontade para apagar meu comentário.
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