terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Electra - Eurípides


Segundo livro de Eurípides lido, e muitas coisas novas podem ser ditas sobre este livro.

A primeira coisa legal é que Electra é um mito que parece ter sido um dos preferidos do dramaturgo, já que todos os grandes dramaturgos gregos escreveram uma Electra (Sófocles e Ésquilo por exemplo). Um possível motivo por essa preferência talvez seja o nível de violência da obra, além da não punição dos heróis.

Comparado a Alceste, Electra é um drama bem mais tradicional, apesar de que o desenvolvimento dos heróis não ruma à aniquilação, que é característica tradicional da tragédia. Uma típica obra ultra-violenta do teatro grego (que vai retornar em Shakespeare, por exemplo). Electra narra a história dos filhos de Agamemnon, que após a morte do pai (pelas mãos de sua esposa), acabam sendo perseguidos. Orestes, irmão de Electra, é exilado e perseguido, enquanto a Electra é forçada a casar com um pobre, tentativa de deixá-la "fora de circulação", e evitar que um possível herdeiro decida se vingar. Orestes volta e busca a vingança, e junto de Electra (a grande cabeça da história) armam um plano de assassinar o atual rei (Egisto, casado com Climnestra, ex esposa de Agamemnon) e sua mãe.

Agora o que é especial nesse nível é o grau de profundidade psicológica dos personagens, sendo o remorso e o medo bem desenvolvidos na trama. Outro ponto de destaque é a reflexão sobre a insanidade divina, pois Orestes muitas vezes pensa o quão insana foi a órdem de Apolo de assassinar sua mãe e o usurpador do trono. Por fim, a crueldade de Electra.

Coisas curiosas vieram com a leitura do livro. Uma delas foi a descoberta da história do Voto de Minerva, já que Orestes será julgado por seu crime e o juri se divide igualmente de um grupo a favor e outro contra, aí Minerva (ou Atenas) intervém e Oreste é julgado inocente. Também é dessa narrativa que surge o chamado Complexo de Electra, termo cunhado por Jung para descrever a forma feminina do Complexo de Édipo.

Enfim, uma grande obra que vale a pena ser lida. Não é tão especial como Alceste, porém é mais dinâmica. Essa leitura faz parte do Desafio Literário 2012. Aguardem a próxima leitura, que será uma grande surpresa (se agradável ou não não sei).

Nota do Elaphar: 8,8

2 comentários:

  1. que interessante a história, não tinha conhecimento desse livro, até porque de tragédia grega só li antígona mesmo! gostei muito da resenha!

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  2. Òtimo para compreender a cultura grega e a influência de seus idearios no mundo contemporâneo. Isso tudo, além de entreter, é claro.

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