Nunca ler e resenhar foi uma missão tão difícil, principalmente porque estou abarrotado de livros para ler em tempo récorde e porque tenho dois trabalhos de pesquisa para apresentar na UFPA em bragança (o primeiro sobre o romantismo alemão na literatura e na música nos dias 25, 26 e 27; o segundo sobre literatura e história em Lindanor Celina entre o dia 1º e 4º). Mas estou firme e forte, resenhando mais um livro.
A primeira coisa a falar é que o senhor George Sand que a ssina o livro era, na verdade, a Mme. Aurore Dupin. Como naquela época ser mulher era extremamente difícil, ela tinha de assinar seus livros com um nome masculino. Claro, ela também se vestia de homem e se comportava como um para frequentar os lugares públicos com mais liberdade, mas isso é mais uma das muitas anedotas de sua vida particular (e acreditem, são muitas), como o fato de ter tido relacionamentos amorosos com Musset e Chopin. Sand é considerada uma das primeiras escritoras feministas, e escrevia em escala industrial (mais de 100 obras publicadas). Sempre que precisava de dinheiro, Sand escrevia, mas isso não afetou a criatividade de sua obra.
As personagens principais dessa obra são os gêmeos da bessonière Landry e Sylvinet Barbeau, e não Franchon Fadet (a pequena Fadette) como sugere o título, mas esta é uma personagem muito importante na história, além de ser a melhor personagem do livro. Os gêmeos têm uma ligação quase doentia entre si, em especial Sylvinet, que é ciumento e possessivo para com o irmão. Landry e Sylvinet cresceram extremamente mimados e unidos, e qualquer separação ínfima de ambos é extremamente dolorosa, mas Landry consegue se adaptar fazendo novos amigos, enquanto Sylvinet é uma pedra no sapato.
Fadette é odiada por todos, seja por sua pobreza, seja por sua aparência, seja pelo seu comportamento, seja pela sua fama de bruxa. Cresceu nas piores condições possíveis, sem mãe e com uma tia que aparentemente a odeia. Seu comportamento é pouco exemplar, porém justificado e livre. Até que começa a entrar em contato com Landry, e, esse contato, a princípio, hostil, acaba por gerar uma história de amor, no mínimo, peculiar.
Esse livro não é um daqueles típicos romances água-com-açucar, mas é um romance rico. As características históricas e culturais do livro encantam um estudioso ao mesmo tempo que despertam a curiosidade de leitores comuns. A narrativa é muito bem manejada, e, embora pareça monótona e cansativa no início do livro, torna-se interessantíssima (embora com um certo nível de previsibilidade) do meio para frente. Esse livro é um livro que merece ser lido por todos, e para todas as idades.
Como o que é bom sempre falta, George Sand vêm recebido um descrédito durante os ultimos anos, tendo muitas traduções e edições antigas mas pouquíssimas atuais. Por coincidência, o único livro disponível comercialmente da autora, nos dias de hoje, é justamente A Pequena Fadette, editado pela Editora Barcarolla e traduzido por Mônica Cristina Corrêa em 2007. Não conheço essa edição, mas faço uma crítica à Editora, que afirma em sua página ser a primeira a traduzir integralmente e diretamente esse livro (que era muito publícado em adaptação infanto-juvenil, o que não aprovo), o que é falso. Há uma tradução mais antiga (1957) publicada pelo Clube do Livro de São Paulo em tradução de José Maria Machado, que só pode ser achado em sebos (assim como toda obra da autora) e muito raramente. Há uma série de adaptações infanto-juvenis, mas a edição que li foi a do Clube.
Minha edição é velha e com uma qualidade de papel ruim, além da linguagem arcáica (de 57) e uma capa que não gosto muito. O prefácio é praticamente inútil, além da linguagem cheia de lugares-comuns, entretanto, o conteúdo de texto é excelente, e pelo meu desconhecimento da qualidade da edição da Editora Barcarolla, ainda continuo indicando essa edição, que é bem feia (mas, como diz o ditado, não julgue um livro pela capa).
Nota do Elaphar: 8,8
Edição Lida:
SAND, George [Amadine Aurore Dupin]. A Pequena Fadette. Trad: José Maria Machado. São Paulo: Clube do Livro, 1957, 179p
uns dos romances mais belos e, ao mesmo tempo, o mais singelo, que já li!
ResponderExcluirEu tenho o livro La petit Fadette da Abril Cultural,1973.Meu xodó adoro,leitura que agrada gregos e troianos.
ResponderExcluirnão é tia é avô que cria a Fadete e o rimão casula, leu mal o livro.
ResponderExcluirConcordo com a opinião que é "uma narrativa bem manejada...interenssantíssima", que leva o próprio leitor a fazer parte da história, mergulhando em cada palavra...
ResponderExcluirLi o livro provavelmente da edição mais recente, e devorei o seu conteúdo. Guardei na memória apenas a capa e o título do livro no intuito de econtrar um exemplar...até a data sem sucesso.
Agora ao pesquisar sobre o tema na net, verifico que é muito apreciado e não só por mim.
Há mtos anos eu adquiri essa tradução de 57. Gostei mto e mandei encadernar o livro com capa dura. É uma raridade! Vale lembrar q Sand é considerada a maior escritora de lingua francesa.
ResponderExcluirola! vc ainda tem o livro traduzido de la petite fadette?
ResponderExcluirAcabei de ler a história. Achei o final triste e marcante. Sem spoilers haha
ResponderExcluirE a autora era espírita, por isso usava calcas pelas ruas fetidas de Paris para nao suja-las com maus espiritos.