O tema do Desafio Literário do mês de Abril é Escritores Orientais. Oa que parece, os escritores orientais seriam, ao ver da equipe do DL apenas os escritores do Extremo Oriente e Sul da Asia. No momento vou usar um autor menos polêmico, que é Ho Chi Minh, do Vietnã, e um livro escrito em chinês. Existe alguns problemas gerais para se definir a "orientalidade" de certos escritores, entre eles a língua e a cultura, mas isso é ainda mais problemático. Apesar da equipe do DL restringir claramente os textos de povos do Oriente Médio, vou recusar a seguir essa exclusão devido critérios que falarei mais adiante. No entanto, o momento agora é de falar desse vietnamita que escreveu em chinês.
A própria história da gênese desse livro é interessantíssima. Ho Chi Minh era um revolucionário do Vietnã e um dos maiores comunistas de seu tempo, e foi preso na China durante um tempo por querer falar com o Mandarin. Durante sua estada na prisão escreveu em Chinês, já que se escrevesse em sua língua chamaria atenção dos guardas, um diário contando o que via e o que passava na prisão. O interessante desse diário é que é escrito em versos, num tradicional verso chinês, que perdeu, lastimavelmente, toda a sua forma e graça na tradução. A tradução é, além de fraca, de segunda mão, ou seja, traduzido do inglês, provavelmente de uma tradução tão fraca quanto.
Os versos são de vários tipos: alguns são confessionais, outros filosóficos, outros líricos e paisagísticos, outros pequenos quadros do quotidiano da prisão. Mas todos mostram uma vida desumana e monstruosa privada da liberdade, além do temperamento do poeta, que é calmo e de mente equilibrada. Um desses poemas tem muito destaque (Jogo de Palavras), pelo trabalho com a própria linguagem e ideologia que é feito, que foi perdido totalmente na tradução, e o que resta é apenas uma explicação do poema.
Esse é um livro que me faz ter vontade de aprender Chinês para poder lê-lo e quem sabe traduzí-lo. A tradução não é boa, mas o livro sim, apesar de perder sua poeticidade, ainda mantém parte de sua substância, a descritiva e ideológica. Pouco se pode falar sobre esses versos. O que me resta é mostrar algumas poesias desse livro.
Edição Lida: Diário de Prisão de Ho Chi Minh. Introdução de Harrisson E. Salisbury. Prefácio de Phan Nhuan. Rio de Janeiro: Difel, s/d.
A própria história da gênese desse livro é interessantíssima. Ho Chi Minh era um revolucionário do Vietnã e um dos maiores comunistas de seu tempo, e foi preso na China durante um tempo por querer falar com o Mandarin. Durante sua estada na prisão escreveu em Chinês, já que se escrevesse em sua língua chamaria atenção dos guardas, um diário contando o que via e o que passava na prisão. O interessante desse diário é que é escrito em versos, num tradicional verso chinês, que perdeu, lastimavelmente, toda a sua forma e graça na tradução. A tradução é, além de fraca, de segunda mão, ou seja, traduzido do inglês, provavelmente de uma tradução tão fraca quanto.
Os versos são de vários tipos: alguns são confessionais, outros filosóficos, outros líricos e paisagísticos, outros pequenos quadros do quotidiano da prisão. Mas todos mostram uma vida desumana e monstruosa privada da liberdade, além do temperamento do poeta, que é calmo e de mente equilibrada. Um desses poemas tem muito destaque (Jogo de Palavras), pelo trabalho com a própria linguagem e ideologia que é feito, que foi perdido totalmente na tradução, e o que resta é apenas uma explicação do poema.
Esse é um livro que me faz ter vontade de aprender Chinês para poder lê-lo e quem sabe traduzí-lo. A tradução não é boa, mas o livro sim, apesar de perder sua poeticidade, ainda mantém parte de sua substância, a descritiva e ideológica. Pouco se pode falar sobre esses versos. O que me resta é mostrar algumas poesias desse livro.
A RAÇÃO DE ÁGUA
Cada um de nós tem como ração meio jarro de água
Para o banho ou para ferver o chá, conforme o gosto:
Se você quer lavar o rosto, não terá como preparar o chá:
Se quer tomar seu chá não poderá lavar o rosto.
JOGO
Lá fora, as pessoas que jogam são presas,
Mas uma vez na prisão, podem jogar o quanto quiseres;
Assim, é claro, os presos sempre lamentam:
"Por que não pensei antes em vir para cá?"
MORTE DE UM HOMEM PRESO COMO JOGADOR
Nada mais restou dele senão ´pele e osso.
Miséria, frio e fome foram seu fim.
Na última noite ele dormiu perto de mim,
E hoje de m,anhã partiu para o país das Nove Primaveras.
NOITES INSONESNota do Elaphar: 8,2
Através de infindas noites, quando o sono se recusa a vir,
Escrevo mais de cem poemas sobre a vida na prisão.
Ao final de cada quadra, deixo de lado meu pincel,
E através das grades olho para o alto, para o céu livre.
Edição Lida: Diário de Prisão de Ho Chi Minh. Introdução de Harrisson E. Salisbury. Prefácio de Phan Nhuan. Rio de Janeiro: Difel, s/d.
Nossa, mesmo a tradução não sendo boa, como você diz, gostei bastante da resenha e dos versos que vc citou, vou tentar lê-lo, já vai para minha wishlist
ResponderExcluirObrigada pela participação, Elaphar!
ResponderExcluirSabemos muito bem que o oriente é muito mais do que Extremo Oriente e o Sul da Asia. Não estamos criando uma nova geografia nem uma nova divisão territorial. A restrição diz apenas ao jogo de leitura que é o DL. Nesse sentido, haverá muitos desafios para explorar o traço oriental na literatura. No caso do Oriente Médio, por exemplo, faremos um tema específico no futuro.
Um grande abraço
Excelente!
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