terça-feira, 24 de maio de 2011

Sonetos de Shakespeare (Trad: Milton Lins)

Essa edição e tradução dos Sonetos de Shakespeare é incrível e singular (e isso não foi um elogio). Esse livro foi uma grande polêmica em 2010 quando o escritor pernambucano recebeu a premiação da ABL pelas traduções do 4ºVolume de Pequenas Traduções de Grandes Poetas (depois para o conjunto da obra do escritor). O livro virou polêmica porque vários tradutores questionaram a qualidade das traduções do autor, e não foi qualquer tradutor invejoso não, foi ninguém menos que Denise Bottmann, Ivo Barroso e Jório Dauster.

Como sou fã incondicional dos Sonetos, logo busquei essa edição tão polêmica para ler e analisar. Afinal, é Shakespeare e não pode ser ruim certo? ... errado!

A capa e protetor de capa são belíssimos, uma produção ímpar, que somando-se ao corte da página e outros detalhes gráficos é um grande ponto forte dessa edição... mas ao ler o prefácio... vem minha primeira decepção. Milton Lins ao descrever a gênese dos poemas nem ao menos se preocupa com as informações que dá. Afirma categoricamente um posicionamento de difícil verificação como se fosse a única verdade sobre a história dos sonetos e do autor. Faz uma análise completamente incoerente da poética Shakespeariana, onde aponta que "[n]a leitura [dos sonetos] muitas vezes encontramos conclusões incongruentes ou sem sentido" (o que de certa forma, se aplica a ESSA tradução). O tradutor não deixa muito claro a sua proposta de tradução, que é feita ora em decassílabos ora em dodecassílabos com censura, sem explicação lógica de o que o faz traduzir soneto X em 10 sílabas e soneto Y em 12. O tradutor também afirma que logra em acrescentar ou subtrair ideias do "original", e é isso que vamos ver agora. Nem vou me dar ao trabalho de comentar o prefácio de Mário Marcio.

Ao chegar na primeira página com os sonetos traduzidos já vislumbramos um grande defeito: uma quadra aparece em português, seguida de uma quadra em inglês e outra em português. Essa disposição atrapalha muito a leitura, principalmente se o leitor não ler o texto em inglês. E logo no primeiro soneto já vislumbramos os problemas que vão perseguir todo o livro: o nonsense das traduções tanto se comparadas ao texto em inglês quanto se olhadas separadamente. Os dois primeiros versos do primeiro soneto são aceitáveis (Extenda-se a linhagem exemplar,/E que não morra a rosa da beleza), mas o terceiro verso visivelmente é criado unicamente para compor a rima ("Ao passo que o mais sábio não somar") que além de não fazer sentido nenhum, não tenho a menor ideia de onde ele tirou o texto fonte (por certo não é de: "But as the riper should by time decrease").

Não vou ser completamente injusto com Milton Lins, em um momento ou outro consigo vislumbrar um ou outro verso bem feito (como é o caso do dístico final do soneto III: "Mas se quiseres nunca ser lembrado/Morre solteiro - e morrerás dobrado"). Mas sejamos também realistas, nessa tradução encontramos muito mais equívocos, escolhas infelizes, erros de interpretação e outros dejetos do que uma boa tradução ou um bom poema.

Percebemos no decorrer da leitura que:
1 - O tradutor não possui muita intimidade com a língua inglesa:
          When I consider every thing that grows
          Quando eu considerar o que mais cresce (Soneto XV)
          As, to behold desert a beggar born,
          E mantenho deserto um pobre renascido, (Soneto LXVI)
2 - O tradutor não diferencia o inglês renascentista do inglês do sec XXI
         And that unfair wich farly doth exel:
         E o insatisfeito que também o excede. (Soneto V)
3 - O tradutor se preocupa unicamente com a rima e metro e nem liga para as palavras e imagens do poema inglês:
          Upon thy side against myself I'll fight
          Do teu lado e contrário, vou bater, (Soneto LXXXVIII)
          But mutual render, only me for thee
          E, em mútua entrega entre nós dois, se cobre. (Soneto CXXV)
4 - O tradutor não sabe o que é um péssimo verso:
          Sweet love, renew thy force; be it not said,
          Thy edge should blunter be than apetite,
          Amor, renova a força, e não a intriga;
          O fio é cego como a tua fome, (Soneto LVI)
5 - O tradutor usava algum alucinógeno ao verter alguns versos:
          Were 't aught to me I bore the canopy,
          Se tirar nota zero, eu furo o céu (Soneto CXXV)
          Let me not the marriage of true minds
          Ao casório não vou dos homens sabichões, (Soneto CXVI)
          Grant if thou wilt thou art belov'd of many,
          Teu talento é menor em teu visor, (Soneto X)

Alguma das escolhas do tradutor percebemos de pronto onde foi o erro, mas em outras não consigo imaginar de onde saiu a solução. Ah, e as citações de cima não foram escolhidas a dedo, mas sim aleatoriamente (já que estou com o livro ao lado).

Em geral não recomendo traduções completas de um livro de poesia. Em geral um livro de poesia que foi traduzido integralmente possui qualidades inferiores à outro que contenha apenas os poemas preferidos de um tradutor. Tradução de poesia significa muito mais do que conhecer a língua de partida e a lingua de chegada (principalmente essa) e compor poesia; traduzir poesia implica dedicação e identificação com os poemas. Isso pode ser percebido facilmente, por exemplo, ao comparar As Flores do Mal em tradução de Guilherme de Almeida (apenas alguns poemas) com a de Ignacio Moitta (integral). Com Shakespeare não é diferente, e eu recomendaria muito mais uma edição parcial (como a de Péricles Eugênio, Ivo Barroso, Bárbara Heliodora) do que uma integral (como a de Jerónimo de Aquino, Vasco Graça Moura entre outros).

Entretanto, se você quiser de fato ler TODOS os sonetos de Shakespeare na íntegra e não é fluente em inglês (mesmo se fosse, Shakespeare ainda é difícil), posso garantir que essa edição NÃO é recomendada. Poeticamente e tradutoriamente falando essa edição é demasiadamente falha. Entretanto, se você quiser mostrar a importância de uma boa tradução em uma aula ou para amigos, esse é um bom livro para servir de exemplo. De resto, vai a tradicional comparação entre um poema desse livro e dos outros que já foram resenhados:
É melhor ser um vil que um vil bem estimado;
Sem mais o ser, terás censuras por ter sido.
Justo o prazer perdido, assim então julgado
- Por sentimento, não; por algo deduzido.
Como algum falso olhar, por que outras sugestões
Em dar o seu apoio ao meu sangue convém?
Com o meu frágil pensar, são fracos espiões,
Que em suas decisões do mal mudam num bem?
Enfim, sou o que sou; e eles têm seu nível;
Por minhas confusões, as suas são contadas;
Eu fico em minha reta e eles no impossível;
Minhas ações no seu pensar não são mostradas.
    Ao menos no geral parâmetro de fera, -
    A humanidade é má, e na maldade impera
                      (Soneto nº 121 por Milton Lins, p.121)
A vileza é melhor que só a aparência dela,
Quando sua ausência é tida em conta de vileza.
A virtude se esvai, no meio onde se assela
De vil quem quer que tenha essa moral riqueza.
Por que o adulterado olhar dos outros há de
Meter-se a incentivar-me o gênio divertido,
Ou os meus fracos, se são mais fracos, em verdade,
Meus juízes, que acham mau quando por bom hei tido?
Não! não! Eu sou o que sou. Esses que se nivelam
Com os meus abusos os seus próprios reconhecem.
Estou certo e eles, pois, errados se revelam.
E ao seu pensar jamais minhas ações aquiescem.
    A menos que se negue uma feição humana,
    O mal é que governa os homens e os irmana.
                      (Soneto nº 121 por Jerónimo de Aquino, p.41)
É melhor ser mau do que por mau ser tido
Quando, não sendo, paga-se por ser
Perde o vil prazer de mau ter sido
Quem mal não sente e mau é dado a ver
Por acaso os normais, de olhos opacos,
Notariam brilho em meus excessos?
A fraqueza apontada pelos fracos
Que mal terminam onde eu bem começo?
Não. Sou o que sou. Se me condenam,
É pelos crimes dos quais são suspeitos
O que eu construo reto eles empenam
Em mentes tortas não cabem meus feitos
    A menos que o demônio imponha a crença
    De que todos são maus e que a maldade vença.
                      (Soneto nº 121 por Jorge Furtado, p.111)
Melhor ser mesmo vil do que por vil ser tido,
Quando não ser recebe a acusação de ser,
E o gozo, embora justo, fica assim perdido
Ante a condenação de alheio parecer!
Por que é que os outros, tendo o olhar adulterado,
Viriam me inflluir no sangue sensual?
Quanto espião, do que meu erro mais errado,
Em tudo o que acho bom entende ver o mal!
Oh não! eu sou o que sou; e aqueles que imperspícuos
Censuram meu deslize, apontam seu pecado;
Posso ser reto, já que tantos são oblíquos;
Nem por mentes de lama eu devo ser julgado,
    A menos que este mal sustentem ser verdade:
    A humanidade é má, e exulta na maldade.
                      (Soneto nº 121 por Péricles Eugênio)

Nota do Elaphar: WTF

Edição Lida:
SHAKESPEARE, William. Sonetos de Shakespeare. Trad: Milton Lins. Recife: S/E, 2005, XVp. + 154p.

domingo, 22 de maio de 2011

O Livreiro de Cabul - Åsne Seierstad

Mais um livro do desafio literário desse mês, e a resenha da vez é o grande Best Seller da escritora norueguesa Åsne Seierstad.

Segundo a autora, durante sua estadia no afeganistão (a escritora era correspondente de guerra em 2002, enquanto o afeganistão estava na moda) conheceu um livreiro (pseudônimo Sultan Khan) e decidiu escrever um livro sobre sua vida, então morou com a família dos Khan durante 3 meses.

Ao ler o livro, cheguei a conclusão de que metade do que foi escrito no livro é inferência da autora. Por quê? Åsne não compreendia bem o dialeto persa falado por metade da famíla, então só podia se comunicar com parte das pessoas, mas todas as personagens do livro tem sua psicologia (com medos, pensamentos, vontades e etc...) extremamente descrita. Outra coisa muito interessante, é que todas as mulheres do livro têm pensamentos ocidentalizados de sua própria cultura, o que me faz pensar que são pensamentos, na maior parte das vezes, da autora.

Outra coisa que me chamou muita atenção no livro é: "os membros da família Khan falaram o que não deveriam", o que provavelmente deveria causar problemas caso um membro da família ou conhecido lesse o livro, e que coincidência: o livro causou problemas. O livreiro Shah Muhammad Rais tentou processar a autora e escreveu um livro em resposta chamado "Eu Sou o Livreiro de Cabul" (publicado em nossas terras pela Bertrand Editora). De qualquer modo, a quantidade de ficção desses livros é tão grande que nenhum dos dois pode ser considerado a rigor um "retrato da vida afegã" (como é cafona essa frase).

Cabul não é tão diferente do Brasil como podemos pensar. Uma das maiores diferenças entre nosso país e o Afeganistão é a guerra que destruiu quase completamente o país. Muitos episódios do livro poderiam ter acontecido aqui (e acontecem), como o caso da mendiga menor de idade que é abusada por um livreiro amigo do filho de Sultan. A outra grande diferença é quanto ao tratamento às mulheres, que é justamente o que mais é retratado no livro.

Nota do Elaphar: 8,5

terça-feira, 17 de maio de 2011

Lançamentos recentes e futuros

A PIANISTA - ELFRIEDE JELINEK
Elfriede Jelinek ganhou em 2004 o Prêmio Nobel e essa premiação gerou uma grande polêmica. Por um lado, muitos críticos e escritores aprovaram a atitude, enquanto outros consideravam que Jelinek não possui talento para essa premiação. Amada e odiada, a escritora escreveu uma série de peças de teatro e livros que foram proibidos ou criticados violentamente. Pela primeira vez o Brasil ganha uma tradução de um livro dessa escritora; o único texto de Jelinek publicado aqui anteriormente foi o conto "Paula" traduzido por Marcelo Backes, que prefacia essa edição. Lançado no final de março pelo selo Tordesilhas e com tradução de Luis Krausz, o leitor brasileiro tem em mãos um romance violento e sublime. É o livro que mais estava aguardando para esse ano.

TUDO O QUE TENHO LEVO COMIGO - HERTA MÜLLER
Outra grande escritora de língua alemã que ganhou o Nobel de Literatura (em 2009), Herta Müller pelo menos tem mais sorte que Jelinek: teve dois livros traduzidos no Brasil (Depressões por Ingrid Ani Assmann e O Compromisso por Lya Luft) além de um conto (A Canção de Marchar por Marcelo Backes), e mais dois livros em Portugal. Pela Companhia das Letras ganhamos esse mês mais uma grande obra (a mais recente) que é Tudo o que Tenho Levo Comigo, que retrata as dificuldades dos teuto-romenos no período pós-nazismo na Alemanha Oriental e Romênia. Esse livro foi traduzido por Carola Saavedra, que também traduziu em 2010 o Tintentod (Morte de Tinta), que é outro livro que estou interessado em ler.

A CONDESSA SANGRENTA - ALEJANDRA PIZARNIK
Lançado junto de A Pianista de Jelinek, A Condessa Sangrenta é um romance psicológico sobre a condessa húngara Báthory. Não sou muito fã da literatura espanófona (exceto Neruda), mas esse título me chamou atenção, apesar de levemente cliché.

CAFÉ CENTRAL - JOÃO DE JESUS PAES LOUREIRO
Paes Loureiro é professor de estética e arte da UFPA. É poeta, ensaísta e crítico literário com nome já consolidado. É um dos mais famosos e traduzidos escritores paraenses da atualidade, com inúmeras traduções para o francês, inglês e alemão. Muitos de seus livros de poesia já foram premiados. Apesar de famoso como poeta e dramaturgo, Café Central é o primeiro romance do escritor o que me dá boas espectativas. Muitos poetas paraenses já me surpreenderam ao escrever ficção e espero que esse livro me surpreenda também. Café Central será lançado no dia 26 deste mês.

BEOWULF - WELWYN WILTON KATZ
Não possuimos em português uma boa edição e tradução do clássico anglo-saxão Beowulf, e na falta deste, a Edições SM lançou a criação Beowulf de Welwyn Wilton Katz com tradução de Marcos Bagno. Ideal para quem quer conhecer um pouco da história.*

SENHORITA CHRISTINA - MIRCEA ELIADE
A editora Alaúde está promentendo com o seu novo selo Tordesilhas. Mircea Eliade foi um grande escritor romeno que é muito pouco conhecido no Brasil. Como adoro conhecer literaturas de outros países (quanto mais difíceis de achar melhor), quando for lançado serei o primeiro a comprar, mesmo não sabendo do que o romance trata.

A CRUZADA DAS CRIANÇAS & VIDAS IMAGINÁRIAS - MARCEL SCHWOB
Um grande lançamento da editora Hedra, esse livro contém duas narrativas do escritor francês Marcel Schwob. São duas estórias bastantes diferentes entre si, mas têm em comum o fato de serem narrativas com muitas vozes, compostas de relatos e diferentes visões, além de ambas passarem-se em um tempo passado. A mesma editora também lançou recentemente O Livro de Monelle do mesmo autor. Como muitos livros da editora, contém um ensaio crítico.

NAS MONTANHAS DA LOUCURA - H. P. LOVECRAFT
Mais um lançamento da Hedra, e do grande clássico popular H.P. Lovecraft. Toda nova edição de Lovecraft é bem vinda, desse ecritor que é tão popular em outras línguas mas geralmente detestado em inglês. Muitos criticam a técnica narrativa de Lovecraft, mas, querendo ou não, ele é um dos principais inspiradores do gênero Horror, seja nos livros, filmes e jogos (principalmente o RPG). Nas Montanhas da Loucura é considerado por muitos a melhor novela do escritor, e essa edição contém várias notas do próprio autor além de uma carta sobre a transição do gênero horror para a Sci-fi. O tradutor já é conhecido (Guilherme da Silva Braga), e traduziu, entre outros, Conrad e Verlaine.


E com esses títulos encerro alguns dos lançamentos recentes que me chamaram atenção.

* 28/05/11 - Ivo Barroso alertou o fato de haver uma ótima tradução em verso desse livro feita por Erick Ramalho, ganhadora do Jabuti, edição essa atualmente esgotada.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Ocidentais - Machado de Assis


Machado de Assis é, indiscutivelmente, um dos maiores nomes da literatura brasileira. Foi também um dos escritores mais completos, escrevendo em praticamente todos os gêneros: conto, romance, crônica, novela, teatro, libretto de ópera, critica literária, poesia, tradução, carta, discurso e textos jornalísticos. Apesar do tamanho da obra do mestre, seus textos são apreciados muito desigualmente hoje em dia; após a tríade Romance, Conto e Crônica, as outras obras de Machado ou não são nem conhecidas ou são consideradas de baixa qualidade em comparação à suas grandes obras (apesar do teatro ser um problema nacional naquela época).

Ocidentais é o último livro de poesias de Machado de Assis (lançado em seu volume de poesia completa) e também sofre o mesmo preconceito (pelas pessoas que ao menos sabem que Machado de Assis escreveu poesia). Apesar disso, algumas pessoas defendem ferrenhamente a habilidade poética superior de machado, como Câmara Jr. (um dos fundadores da linguística brasileira) que afirmava ser um absurdo não reconhecer a habilidade poética de Machado, ou José Veríssimo que afirmava que "Machado de Assis [...] desde o princípio se distinguira pela arte excelente dos seus versos" e que "[os poemas de Crisálidas] pressagiam o poeta perfeito das Ocidentais". Apesar dos esforços de Câmara Jr. e Veríssimo consagrou-se a ideia de que Machado de Assis é um mal poeta, o que o relegou ao abandono. É sobre o Machado poeta que vamos ver agora.

O nome Ocidentais não é por acaso, Machado queria mostrar as várias faces da poesia (canônica) ocidental, ou melhor, "as ocidentais", já que as diferenças entre as épocas e as nações são muitas. Há em Ocidentais quatro traduções bastante representativas e que influenciaram gerações e gerações de poetas e leitores: O Corvo de Poe (via Baudelaire), o solilóquio de Hamlet To be or not to be de Shakespeare, Os Animais Iscados da Peste de La Fontaine e o Canto XXV do Inferno de Dante. Apesar de traduções, esses quatro poemas são machadianos. Como exemplo temos "Eu, caindo de sono e exausto de fadiga, /Ao pé de muita lauda antiga,  / De uma velha doutrina, agora morta," que é uma dicção extremamente machadiana para "while I pondered, weak and weary / Over many a quaint and curious volume of forgotten lore —". A única tradução onde encontro o poeta "original" e não Machado é o famoso solilóquio hamletiano, mas isso se dá mais pela proximidade entre Machado e Shakespeare que pelo apagamento do tradutor.

Além da tradução de grandes ícones da literatura (Dante, Shakespeare, La Fontaine e Poe), há também poemas do próprio Machado para grandes poetas e pensadores. Nesse grupo se enquadram os poemas: Antônio José, Espinosa, Gonçalves Crespo, Alencar, Camões (4 sonetos), 1802-1885 (sobre os grandes inspirações e poetas da literatura) e José de Anchieta. Esse tipo de poesia era (e ainda é) muito comum, embora Machado não a soube manejar. A maior parte dessas poesias são enfadonhas e de baixo valor.

Mas o livro não se resume em textos dedicados e traduzidos. Os outros poemas do livro (difíceis de classificar) são da mais alta qualidade. Há ao menos dois poemas que são bastante famosos: Círculo Vicioso e Soneto de Natal. Apesar de famosos, muitos não sabem que foram escritas por Machado. Para conferir as poesias, vide bônus.

Esses outros poemas são extremamente variáveis de temática, estilo e influência. Alguns são levemente filosóficos (como o "Círculo Vicioso"), outros de temática clássica (como o quase parnasiano "O Desfecho"). Há também influencias romanticas e naturalistas (como "Mundo Interior" e "Uma Criatura") mas sem nunca chegar a tornar-se poema romântico e/ou naturalista ou qualquer outra escola. É terrível o fato de ainda se estudar no ensino médio Machado como romântico (1ª fase) e realista (2ª fase). Machado escreve suas Ocidentais fora do tempo e do espaço geográfico, misturando os estilos e influências. Ocidentais está em Domínio Público e pode ser lido, baixado e distribuído gratuitamente. Para ver o livro online clique aqui.

Nota do Elaphar: 9,5

Edição Lida:
MACHADO DE ASSIS, Joaquim Maria. Ocidentais. Ministério da Educação. Texto-Fonte: Obra Completa, Machado de Assis, vol. III, Nova Aguilar, Rio de Janeiro, 1994. Publicado Originalmente em: Poesias Completas, Rio de Janeiro: Garnier, 1901. <http://machado.mec.gov.br/images/stories/html/poesia/maps05.htm>

BÔNUS
CÍRCULO VICIOSO

Bailando no ar, gemia inquieto vaga-lume:
"Quem me dera que fosse aquela loura estrela,
Que arde no eterno azul, como uma eterna vela!"
Mas a estrela, fitando a lua, com ciúme:

"Pudesse eu copiar o transparente lume,
Que, da grega coluna à gótica janela,
Contemplou, suspirosa, a fronte amada e bela"
Mas a lua, fitando o sol, com azedume:

"Mísera! tivesse eu aquela enorme, àquela
Claridade imortal, que toda a luz resume!"
Mas o sol, inclinando a rútila capela:

"Pesa-me esta brilhante auréola de nume...
Enfara-me esta azul e desmedida umbela...
Por que não nasci eu um simples vaga-lume?"
SONETO DE NATAL

Um homem, — era aquela noite amiga,
Noite cristã, berço do Nazareno,—
Ao relembrar os dias de pequeno,
E a viva dança, e a lépida cantiga,

Quis transportar ao verso doce e ameno
As sensações da sua idade antiga,
Naquela mesma velha noite amiga,
Noite cristã, berço do Nazareno.

Escolheu o soneto... A folha branca
Pede-lhe a inspiração; mas, frouxa e manca.
A pena não acode ao gesto seu.

E, em vão lutando contra o metro adverso,
Só lhe saiu este pequeno verso:
"Mudaria o Natal ou mudei eu?"
O DESFECHO

Prometeu sacudiu os braços manietados
E súplice pediu a eterna compaixão,
Ao ver o desfilar dos séculos que vão
Pausadamente, como um dobre de finados.

Mais dez, mais cem, mais mil e mais um bilião,
Uns cingidos de luz, outros ensangüentados...
Súbito, sacudindo as asas de tufão,
Fita-lhe a água em cima os olhos espantados.

Pela primeira vez a víscera do herói,
Que a imensa ave do céu perpetuamente rói,
Deixou de renascer às raivas que a consomem.

Uma invisível mão as cadeias dilui;
Frio, inerte, ao abismo um corpo morto rui;
Acabara o suplício e acabara o homem.
TO BE OR NOT TO BE (SHAKESPEARE)

E mais nobre a cerviz curvar aos golpes
Da ultrajosa fortuna, ou já lutando
Extenso mar vencer de acerbos males?
Morrer, dormir, não mais. E um sono apenas,
Que as angústias extingue e à carne a herança
Da nossa dor eternamente acaba,
Sim, cabe ao homem suspirar por ele.
Morrer, dormir. Dormir? Sonhar, quem sabe?
Ai, eis a dúvida. Ao perpétuo sono,
Quando o lodo mortal despido houvermos,
Que sonhos hão de vir? Pesá-lo cumpre.
Essa a razão que os lutuosos dias
Alonga do infortúnio. Quem do tempo
Sofrer quisera ultrajes e castigos,
Injúrias da opressão, baldões do orgulho,
Do mal prezado amor choradas mágoas,
Das leis a inércia, dos mandões a afronta,
E o vão desdém que de rasteiras almas
O paciente mérito recebe,
Quem, se na ponta da despida lâmina
Lhe acenara o descanso? Quem ao peso
De uma vida de enfados e misérias
Quereria gemer, se não sentira
Terror de alguma não sabida cousa
Que aguarda o homem para lá da morte,
Esse eterno país misterioso
Donde um viajor sequer há regressado?
Este só pensamento enleia o homem;
Este nos leva a suportar as dores
Já sabidas de nós, em vez de abrirmos
Caminho aos males que o futuro esconde;
E a todos acovarda a consciência.
Assim da reflexão à luz mortiça
A viva cor da decisão desmaia;
E o firme, essencial cometimento,
Que esta idéia abalou, desvia o curso,
Perde-se, até de ação perder o nome.
1802-1885

Um dia, celebrando o gênio e a eterna vida,
Vitor Hugo escreveu numa página forte
Estes nomes que vão galgando a eterna morte,
Isaías, a voz de bronze, alma saída
Da coxa de Davi; Ésquilo que a Orestes
E a Prometeu, que sofre as vinganças celestes
Deu a nota imortal que abala e persuade,
E transmite o terror, como excita a piedade.
Homero, que cantou a cólera potente
De Aquiles, e colheu as lágrimas troianas
Para glória maior da sua amada gente,
E com ele Virgílio e as graças virgilianas;
Juvenal que marcou com ferro em brasa o ombro
Dos tiranos, e o velho e grave florentino,
Que mergulha no abismo, e caminha no assombro,
Baixa humano ao inferno e regressa divino;
Logo após Calderón, e logo após Cervantes;
Voltaire, que mofava, e Rabelais que ria;
E, para coroar esses nomes vibrantes,
Shakespeare, que resume a universal poesia.

E agora que ele aí vai, galgando a eterna morte,
Pega a História da pena e na página forte,
Para continuar a série interrompida,
Escreve o nome dele, e dá-lhe a eterna vida.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Clarissa - Érico Veríssimo

Érico Veríssimo é um caso incomum na história das nossas letras. É um dos escritores brasileiros mais populares (junto com Jorge Amado) e é considerado um dos grandes escritores de nossa literatura, entretanto, com ressalvas. A maioria dos críticos considera tanto Érico quanto Jorge como membros do cânone mas pouco se estuda a obra desses escritores. Érico Veríssimo portanto, acaba pertencendo a um "segundo cânone".

Clarissa é o romance de estreia do escritor e foi publicado em 1933. O romance retrata a sociedade de Porto Alegre da primeira metade do século XX através dos olhos de Clarissa, uma mocinha que para muitos vai parecer encantadora. Clarissa vive na pensão da "tia Eufrasina" onde mora muitos personagens singulares. Apesar da riqueza dos personagens, alguns estão apenas como ornamentação e não têm muita importância na história. Outros entretanto são fundamentais para a composição do grande mosaico social que Érico Versíssimo buscou pintar nesse livro. Sim, pintar, pois as imagens visuais são muito marcantes na obra, diferente das imagens musicais que não conseguiram ser interessantes.

Um personagem (além de Clarissa) possui uma importância superior: Amaro. O livro começa e termina com Amaro, e a narrativa se volta para esse personagem inúmeras vezes. Apesar do próprio autor confessar que não fez um bom trabalho com Amaro, gosto desse personagem.

A linguagem da narrativa é bem saborosa, o que torna fácil a leitura de um único fôlego. A técnica de Érico Veríssimo é um caso a se estudar, pois a forma como o escritor crusa e mistura os discursos é impressionante, e nos dá apenas duas possibilidades: 1ª o escritor tem uma técnica de línguagem apuradíssimo ou 2ª não possui técnica nenhuma. A forma pouco ortodoxa (no sentido linguístico) de guiar a narrativa nos deixa a pensar se é obra de um gênio ou um louco, ou os dois.

De um modo ou de outro, algumas partes do livro nos mostra alguns defeitos de construção na narrativa, como por exemplo o artigo definido antes do nome próprio que as vezes é usado na narrativa em um momento que esse artigo pode ser facilmente confundido com preposição (ex: "diz a Belinha -, sabe quanto gastamos de vela, o mês passado, no armazém" p.178), em alguns casos atrapalha a leitura e faz-nos ter um raciocínio errado. Apesar de um problema ou outro desses, o livro é magnífico.

A produção editorial da Companhia das Letras é muito bom, em papél pólem e uma capa simples mas bonita, mesmo na edição de bolso. Como bônus posto aqui um trechinho que me agradou.
- Seu Amaro, o senhor nunca teve mesmo uma revelação, por pequena que fosse? Nunca lhe aconteceu nada de sobrenatural: um aviso, uma voz em sonho, uma graça qualquer do altíssimo?
Amaro tem nos lábios um sorriso amargo:
- Um dia - diz - entrei numa igreja...
- Protestante? - interrompe Gamaliel, sôfrego.
- Não me lembro... uma igreja...
- Orou, pediu fé a Deus?
- Não...
- Então o que foi fazer lá?
- Fiz como o meu poeta - explica Amaro, mostrando-lhe o livro que tem na mão -, fui a uma igreja porque o seu silêncio e a sua sombra fresca são propícios ao sono e à leitura...
- E então? Veio a revelação?
Amaro sacode a cabeça.
- Não. Veio um cavalheiro que era sacristão ou coisa que o valha... Aproximou-se de mim e disse: "O senhor desculpe, mas aqui não é sala de leitura..."
 Nota do Elaphar: 9,5

Edição Lida:
VERÍSSIMO, Érico. Clarissa. São Paulo: Companhia das Letras, 2005, 214p.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Papéis - Sultana Levy

Sultana Levy foi uma escritora paraense que morreu nos Estados Unidos. Apesar de viver muitos anos no exterior, nunca abandonou a nacionalidade brasileira. Publicou muito em jornais e revistas literárias do brasil e seus livros são ambientados em seu país natal.

Papéis é um conjunto de crônicas literárias, biográficas, jornalísticas e palestras, se é que podemos chamar alguns de seus textos de crônica, já que alguns são muito grandes e mais parecem ensaios. As temáticas são muito variadas, então vou falar de cada uma individualmente.

O primeiro texto é uma crônica/ensaio biográfico de Antônio José da Silva, "O Judeu", um importante dramaturgo português (não interessa se ele nasceu ou não no Brasil. Era português e pronto!). Sultana conta a história da vida do escritor e acaba relacionando biografia com obra. O mesmo é feito no segundo texto, porem agora fala sobre Goya, biografia e obra.

O terceiro texto fala sobre a amizade de Cézanne e Zola, como um influenciou a obra do outro e o fim dessa amizade. O maior problema dessa crônica é o "aportuguesamento" dos nomes (Paul e Émile para Paulo e Emílio). Em seguida vem um interessante texto sobre Machado de Assis, embora sem profundidade.

Ainda sobre biografias, Sultana escreve sobre dois personagens da Inconfidência Mineira (Tiradentes e Gonzaga) nos dois textos a seguir. Não deve-se levar muito a sério os dois textos, e juntos formam os que menos gostei do livro, tanto por seu valor literário quanto histórico. A outra crônica é uma belíssima crônica literária, seguida de um ensaio artístico muito interessante sobre a questão da fé e da arte.

O 9º texto é a transcrição de uma palestra sobre a imigração judaica no Brasil; palestra também é o 11º, onde Sultana fala sobre grandes mulheres. O 10º e o Último texto também são cronicas literárias muito boas. o 12º fala sobre uma personalidade da guerra do Paraguai que foi retratada em A Retirada da Laguna.

Não posso fazer uma análise muito profunda sobre os textos de Levy por um motivo bem simples: os textos são rasos e sem profundidade. Apesar de haver muitas informações contidas neles, os textos carecem de credibilidade. Apenas 4 ou 5 textos são literariamente belos. Enfim, a escritora não ultiliza todo o seu potencial no gênero crõnica, apesar de escrever bons romances, pelo que pude conferir. Para piorar, a edição é ruim, sem arte de capa e sem nada na contracapa, sem orelhas, péssimo papel e diagramação, além de uma revisão ruim, cheia de erros em letras (c ou é no lugar de e, r no lugar de n entre outros).

Esse livro faz parte do desafio literário no mês de maio. Para conferir a lista do desafio clique aqui.

Nota do Elaphar: 7,9

Edição Lida:
LEVY, Sultana. Papéis. Belém: Grafisa, 1999, 221p.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Questionário

Lendo na Gaveta do Ivo, encontrei este questionário criado por Diógenes da Cunha Lima para o tradutor Ivo Barroso. Como Ivo Barroso "gostaria de propor também aos leitores deste blog [Gaveta do Ivo]", e eu como leitor do blog aceitei a proposta.

Questionário:

1. Solidão é conquista ou derrota.
A solidão é fundamental como conquista, mas triste como derrota.
2.  O computador muda a sua vida.
Tudo muda a nossa vida, a diferença é o como.
3.   A Internet é também extensão de sua vida.
Não diria extensão, mas sim uma ótima ferramenta de entretenimento e trabalho.
4.   Escrever é ventura ou aventura.
Ambas e talvez nenhuma.
5.  O que mais se salienta em um caráter humano.
Não sei.
6.  Melhor a fantasia ou a realidade.
Existe realidade? Existe fantasia? A fantasia não é uma forma de realidade? Ambas são uma coisa só.
7.   A poesia é útil.
Não, por isso é poesia.
8. Fronteira entre a poesia e a prosa.
Os dois termos, como todo o termo, é arbitrário. Depende de quem lê e o que esse leitor considera poesia e prosa. De forma simples, para mim a poesia é o sentimento do texto e a prosa sua disposição gráfica. Todo texto artístico possui poesia, em maior ou menor grau.
9. Livros que ajudaram à sua formação.
Inúmeros. Só para citar: Memórias Póstumas de Brás Cubas.
10. Qualidade superior em um homem.
Não diria do homem, mas do ser humano: Individualidade.
11. Qualidade superior em uma mulher.
Idem.
12. O que mais aprecia em um amigo.
Que ele seja como é.
13. O que mais lamenta em um amigo.
O desejo de impressionar a todo custo.
14. Medo – a que serve.
O medo é como um medidor de nossa vontade de viver. Sem medo não há vida.
15. Dúvida – a que serve.
Não sei.
16. A morte é vírgula ou ponto final.
Tambem não sei, não podemos saber, só acreditar.
17. Deus é patrimônio de cada ser humano.
Idem.
18. Jesus é um amigo.
Idem.
19. O diabo tem credibilidade.
Idem.
20. Somos sós no universo.
Em parte sim.
21. Que outro dom, Deus poderia ter dado a você.
Não sei.
22. Seu defeito principal.
Muitos, mas meu desligamento com algumas coisas cotidianas provavelmente é o que mais me atrapalha.
23. Sua ocupação preferida.
Ler e ouvir boa música.
24. Como você sonha a felicidade.
Não sonho, não faz muito sentido.
25. Você não consegue tolerar.
Tanta coisa... mas acho que o que mais me incomoda é o discurso metapreconceituoso, de qualquer tipo.
26. Seu estado de ânimo atualmente.
Apatia, depois melhora.
27. O que mais importa a você como profissional.
Competência.
28 O que mais importa a você como amador.
Alegria.
29. O que o tornaria infeliz.
Ser incapaz de ler livros ou ouvir música.
30. Quem você gostaria de ter sido.
Ninguem. Ser outra pessoa não seria melhor ou pior ou faria a vida mais fácil ou difícil.
31.Três cidades encantadoras.
Das que conheço: Belém e Rio de Janeiro. Que nonho conhecer: Viena, Tallinn e Paris.
32. De que país o Brasil poderia auferir qualidades.
De qualquer um. O inverso também poderia acontecer.
33. Árvores admiráveis.
Avicennia, Olmo e Mangueira.
34. Flor preferida.
Não gosto de flores.
35. Pássaro admirado.
Águia.
36. Cor favorita.
Preto e azul.
37. Autores canônicos favoritos (prosa).
Inúmeros. Os primeiros 5 que aparecem na minha cabeça são: Machado de Assis, Lindanor Celina, Albert Camus, Thomas Mann, Goethe e etc...
38. Autores canônicos favoritos (poesia).
Também inúmeros. Os primeiros que consigo pensar são: Shakespeare, Rilke, Dickinson, Mário Faustino, Baudelaire e etc...
39. Na ficção, personagens (masculinos) de sua estima.
Brás Cubas, Meursault, Gustav Aschenbach, Amaro (Érico Veríssimo) entre outros.
40. Na ficção, personagens (femininas) da sua estima.
Débora (Livro de Juízes), Irene (de Lindanor Celina) entre outros.
41. Compositores favoritos (erudito e popular).
Os Românticos (Schubert, Schumann, Beethoven, Weber, Wagner, Liszt, Chopin, Bizet, Korsakov, Sibelius e etc...), além de compositores de Chansons e Metal.
42. Um filme.
Mon Meilleur Ami
43. Pintores preferidos.
Conheço pouco de pintura, mas gosto do renascentismo, impressionismo e pós impressionismo
44. Um ditado popular.
Quem ama o feio, belo parece.
45.Três palavras bonitas.
Em português: Dendróbata, Ígneo e Feérico
46. Um aforismo.
Quão poucas coisas são necessárias para a felicidade! O som de uma gaita. - Sem música a vida seria um erro. O alemão imagina Deus cantando canções. (F. Nietzsche)
47. Prenomes favoritos (três).
Clara, Irene e César
48. Heróis (na vida real).
Depede do ponto de vista. Não há uma diferença clara entre um herói e um monstro.
49. Heroínas (na vida real).
Idem
50. Heróis históricos.
Idem
51. Detestáveis homens da história. 
Idem.
52. Daria indulgência a que falhas humanas.
Todas. O homem é falível.
53. Um verso. 
A Natureza é um templo onde vivos pilares/
Deixam às vezes soltar confusas palavras; (C. Baudelaire)54. Uma canção. 
“Wer reitet so spät durch Nacht und Wind?"...

55. Personalidades bíblicas (masculinas). 
Javé, Jacó, Gideão, Jonas entre outros.
56. Personalidades bíblicas (femininas). 
Débora, Salomé, Ester entre outros
57. O seu rio. 
Reno (não sei, mas tenho uma paixão por esse rio que nunca vi)
58. O seu mar, sua praia. 
O Mediterrâneo, a praia de Ajuruteua.
59. Quem tem um sol no coração. 
O céu.
60. Quem tem um deserto no coração. 
O saara.
61. Ser criança é.
Estar longe da morte.
62. Ser jovem é.
Estar feliz?
63. Ser maduro é. 
Temperança.
64. Ser velho é. 
Estar próximo do fim.
65. Bebida favorita. 
Cerveja e Pepsi.
66. Comida favorita. 
Pizza e X-AVC.
67. Exerce a sua fé. 
Do meu modo.
68. Exerce a sua esperança. 
Idem.
69. Exerce a sua caridade. 
Idem.
70. Epifanias.
Não entendi a pergunta.
71. Seu lema. 
Tanto faz.

É isso. Por hoje é só.
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