quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Livros que precisam de tradução para o português

Alguns podem ter notado meu desaparecimento, mas eu posso explicar. Estive esse período organizando uma pequena antologia de livros que não receberam traduções para o português (ou que receberam a muito tempo atrás e não foram mais editados). O interessante é que muitos grandes escritores são estão desfalcados em nossa língua.

O primeiro post contém 18 autores e mais de 80 livros não traduzidos. E gostaria da ajuda de todos para acrescentar. Muitos desses livros são de qualidade excelente. Em breve (quando possuir mais dados) colocarei em páginas separadas por língua ("inglês", "francês", "alemão" e "outras línguas"). Na página se encontram escritores de literatura, filosofia e crítica literária. A pesquisa completa encontra-se na página no header do blog. Agora vou falar brevemente dos escritores (as traduções dos titulos são livres quando entre colchetes e baseada nas traduções antigas quando entre parênteses):

Amiel
Sua obra mais famosa é seu gigante Journal Intime (diário íntimo), que já possuiu alguns trechos traduzidos em português. É um grande escritor suiço de língua francesa. Além do Journal Intime, produziu alguns romances e 7 volumes de poesia.

Hans Blumenberg
Conheci em uma palestra, mas embora seja um autor bem comentado em meios acadêmicos, não consegui achar nenhuma tradução desse autor em português. Há alguns livros dele que sonho ler: Matthäuspassion [Paixão segundo Mateus], Das Lachen der Thrakerin. Eine Urgeschichte der Theorie [O sorriso da mulher da trácia. Uma pré-história da teoria], Die Genesis der kopernikanischen Welt [A Gênese do mundo copernicano] e Paradigmen zu einer Metaphorologie [paradigmas para uma metaforologia]. Também possui poucas traduções em inglês, o que dificulta drasticamente a minha vida.

Caldwell
Tradutora de Machado de Assis para a língua portuguesa, foi uma das maiores criticas de machado dos anos 70. Já possuiu o seu The Brazilian Othello of Machado de Assis (O Otelo brasileiro de Machado de Assis) traduzido pela EDUSP, mas seu Machado De Assis; The Brazilian Master and His Novels (Machado de Assis: O mestre brasileiro e seus romances) ainda não ganhou uma versão par nossa língua.

Chaucer
É considerado o "pai" da literatura inglesa, pois acreditou na poética do idioma quando nenhuma pessoa usava o inglês literariamente. Só possuiu um livro traduzido para o português mas a muito tempo (1988) e é dificílimo encontra-lo. Escreveu teatro, poesia e prosa. Seus trabalhos mais relevantes são: The Book of the Duchess [O Livro da Duquesa], The House of Fame [A Casa da Fama], The Canterbury Tales [Os Contos da Cantuária] e sua obra poética.

Robert Coover
Já possuiu o seu Spanking the Maid (Espancando a Empregada) traduzido, mas a bastante tempo atrás. Outros livros dele merecem destaque como Pinocchio in Venice [Pinóquio em Veneza], Pricksong and Descants, Gerald's Party, Ghost Town [Cidade Fantasma] e John's Wife [A Esposa de John]. Nunca li nada desse autor, mas ele estará a partir de agora em minha lista de prioridades.

Multatuli
Escritor neerlandês (popular Holanda), é considerado um clássico em seu país. Seu texto clássico clássico é Max Havelaar.

Gárdonyi
Nos estados unidos, é mais conhecido pelo romance Egri csillagok [As Estrelas de Eger]. Já possuiu alguns contos traduzidos, além de um livro A láthatatlan ember (O Homem Que Não Se Vê) que só pode ser encontrado em sebos.

André Gide
Grande Nobel de Literatura que já foi bastante traduzido nos anos 80, mas que é muito difícil de ser encontrado hoje em dia. Mesmo com as traduções antigas, muito de Gidé ainda não foi traduzido, dentre eles o mais importante é o seu Journal [Diário]. Outras obras importantes: Réflexions sur quelques points de littérature et de morale [Reflexões sobre alguns aspéctos da literatura e da moral], Le Prométhée mal enchaîné [O Prometeu Mal-acorrentadoo], Le Retour de l'Enfant prodigue (O Regresso do filho pródigo),  L'École des femmes (A Escola de Mulheres) e La Symphonie Pastorale (A Sinfonia Pastoral). Alguns desses livros já foram editados, mas não são encontrados facilmente.

John Gledson
Um dos maiores estudiosos de Machado de Assis da atualidade, já escreveu vários livros em português como: Machado de Assis, impostura e Realismo, mas seus livros em inglês não ganharam traduções em português. Possui também inúmeros capítulos e artigos em livros e revistas de crítica literária, que seriam bons traduzidos e publicados em livro.

Sadeq Hedayat
Escritor iraniano. Sua obra mais famosa é Būf-e kūr [A Coruja Cega]. Não possui nada publicado em língua portuguesa.

Stephen King
Super popular e tem sua obra QUASE toda em língua portuguesa. Além dos livros mais recentes, alguns livros simplesmente foram esquecidos como Hearts in Atlantis [Corações em Atlântida] e The Girl Who Loved Tom Gordon [A Garota que amava Tom Gordon], ambos escritos a 11 anos.

Lermontov
Escritor mais importante do romantismo russo, que não possui um único livro em língua portuguesa.

Lucano
Um grande escritor latino que não possuiu a mesma sorte de Virgílio, Ovídio e Horácio. A muitos anos atrás, o poeta Filinto Elísio começou a tradução da magnum opus de Lucano (a Farsália), mas abandonou o projeto antes de terminar o primeiro canto, e depois disso, Lucano nunca mais teve chance em língua portuguesa. Quem não sabe latim, a única opção é recorrer às edições inglesas.

Thomas Mann
Outro Nobel, que por sorte possui hoje vários livros traduzidos disponíveis. Apesar do volume em língua portuguesa, muitos livros de Thomas Mann ainda não foram traduzidos, principalmente sua obra crítica.

Herta Müller
Grande escritora Alemã contemporânea, ganhou o Nobel em 2009. Apesar do Nobel, o Brasil só publicou dois livros seus, e portugal mais dois. A maior parte de sua extensa obra está inédita em nossa língua.

Thomas Nashe
Outro grande escritor inglês, que acabou tendo seu trabalho pouco conhecido em nossa língua.

Georges Perec
Esse cara é um gênio da linguagem, e irei falar bem mais dele na 5ª feira (já estou estragando uma surpresa). Já teve 4 livros traduzidos para o português, mas suas obras mais impressionantes ainda estão inéditas por aqui. Algumas obras de destaque são: Les Choses [As Coisas], La Disparition [A Falta/O Sumiço/O Vazio], Les Revenentes [? Esse é ...], W ou le souvenir d'enfance [W ou a memória da infância], Le Voyage d'hiver [A Viagem do Inverno].

Lou Salomé
Essa possui uma infinidade de fãs no Brasil, mas possui poucos livros poblicados em lingua portuguesa. Foi escritora e psicanalista, tendo grande importância biográfica, literária e histórica. Conheceu os maiores gênios de sua época como Nietzsche, Rée, Rilke, Freud e outros. Suas obras importantes (ainda não traduzidas) são: Im Kampf um Gott [Na Batalha de Deus], Henrik Ibsens Frauengestalten [Personagens Femininas de Henrik Ibsen], Ruth, Jesus der Jude [Jesus, o Judeu], Aus fremder Seele [De uma alma de fora], Anal und Sexual [Anal e Sexual], Familiengeschichte vom Ende des vorigen Jahrhunderts [A familia a partir do final do século passado], Der Teufel und seine Großmutter [O Diabo e Sua Avó], der Schule bei Freud – Tagebuch eines Jahres [A escola de Freud - Diário de um ano].

domingo, 5 de dezembro de 2010

22 Sonetos de Shakespeare (Trad. Péricles Eugênio)

Quem me acompanha no blog já deve ter percebido a importância que eu dou para a tradução, colocando o nome do tradutor nas referências e (quando minha competência me permite) tecendo rápidos comentários sobre a tradução. Entretanto, ao traduzir poesia, a coisa fica ainda mais séria, e o tradutor (como criador) ocupa um lugar de tanta importância qiuanto o escritor traduzido.

Acho que não preciso falar de Shakespeare, afinal, se você não o conhece deveria voltar para a alfabetização imediatamente. De Péricles Eugênio, o que interessa mais é que ele foi um grande poeta e crítico literário (em reconhecimento ganhou um Jabuti em 69), e morreu em 1992 (que coincidência... nasci esse ano!!!), publicou vários livros de poesia e algumas antologias, entretanto, seu melhor trabalho foi com as traduções, que fez de Péricles Eugênio um mito, que dentre os vários artistas que traduziu, encontram-se alguns sonetos de Shakespeare (ele traduziu mais sonetos e publicou em outra edição, mas decidi resenhar o primeiro que ele publicou [22 sonetos], por vários motivos).

Traduzir Shakespeare não é fácil, e muito menos os sonetos. Todos os que traduziram os sonetos receberam críticas pesadas, como Thereza Christina Rocque da Motta, Jorge Wanderley, Jerónimo de Aquino, Ivo Barroso, Vasco Graça Moura, Péricles Eugênio e outros tradutores(isso sem citar a polêmica tradução de Milton Lins). Como fã dos sonetos de Shakespeare, já li diversas traduções dos sonetos (as 3 primeiras que citei) e li boa parte em inglês (mas minha preguiça me impede de ler todos). Nunca entendi o porquê de a tradução de Wanderley (outro titã da tradução, que falarei em outra ocasião) ser considerada por muitos a melhor tradução de Shakespeare em portugês, o que é uma injustiça com outros tradutores que têm excelentes versões dos sonetos, algumas melhores, outras não. Aqui não vou falar de "mais próximo do original", porque o original não existe, o que existem são várias leituras; a única regra que vou usar nessa leitura é aquela dita por um dos irmãos Campos (não lembro qual, e também não lembro de onde eu tirei essa citação): não se pode traduzir um bom poema para um mal poema. Chega de teorizar, pois essa parte não me cabe.

Primeira cutucada vai para a escolha dos poemas, que na minha opinião foi fraca. Claro, isso é muito pessoal, já que o gosto por uma poesia ou outra varia de pessoa a pessoa, mas fico triste por não estar presente nesse livro principalmente os sonetos 1, 10 e 139 que são meus preferidos, e ao invés desses, encontro os sonetos 15, 116 e 144, que não gosto muito. O que não se pode negar é que Péricles deu tudo de si em cada um dos sonetos que traduziu.

Formalmente, a tradução de Péricles é criticada por muitos por se utilizar o exâmetro jâmbico (Shakespeare se utiliza de pentâmetros jâmbicos) o que não acho justificável, e acho interessante a escolha do tradutor e a aprovo, embora não considere sua justificativa válida (a justificativa de ganhar espaço). Outra coisa muito legal da tradução de Péricles são as numerosas notas de rodapé, que oferece algumas traduções literais e explicações do contexto em inglês, e revela (e explica) algumas escolhas do tradutor.

A sonoridade dos poemas traduzidos por péricles eugênio é muito boa, o que me faz pensar como deve ser legal o LP que acompanha a edição (que por ter comprado em um sebo, minha edição veio sem esse LP). A qualidade das rimas também é excelente, o que é uma grande vantagem sobre muitas outras traduções dos sonetos. Destaque para os sonetos 18 e 55, sendo que no soneto 18 o poema em inglês se fecha com um horrível 'this gives life to thee' (rimando com see), e Péricles traduz para "e nêle hás de viver" (rimando com ver) coloca uma nota mostrando a tradução literal, mas que é desnescessário para o entendimento do poema, pois o sentido fica claro no poema inteiro. Eis aqui o soneto 18 transcrito:

A um dia de verão, como hei de comparar-te?
Vencendo-o em equilíbrio, és sempre mais amável:
Em maio o vendaval ternos botões disparte,
E o estio se consome em prazo não durável;
As vêzes, muito quente, o ôlho do céu fulgura,
Outras vêzes se ofusca a sua tez dourada;
Decaí da formosura, é certo, a formosura,
Pelo tempo ou o acaso enfim desadornada:
Mas teu verão é eterno, e não desmaiará,
Nem hás de a possessão perder de tuas galas;
Vagando em sua sombra o Fim não te verá,
Pois neste verso eterno ao tempo tu te igualas:
      Enquanto o homem respire, e os olhos possam ver,
      Meu canto existirá, e nêle hás de viver.
Não coloquei o poema em inglês para vocês se esquecerem do suposto "original" e considerarem a própria tradução como um original, e que carrega beleza de forma autônoma, independente de "fidelidade" ou outra coisa externa ao poema.

Muitos outros poemas são muito bons nessa tradução, que recomendo para todos vocês. Não vou me alongar mais...

Nota do Elaphar: 9,5

Edição Lida:
SHAKESPEARE, William. Seleção de 22 Sonetos. Trad: Péricles Eugênio. Belo Horizonte: Agência Americana, s/d. Acompanha L.P. sob direção de Pontes de Paula Lima.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Compras na Saraiva!!!

Hoje resolvi estreiar a livraria Saraiva que abriu a poucos dias aqui em Belém (é verdade, cheguei um pouco tarde).

Eis aqui algumas das minhas compras do dia:

F. Scott Fitzgerald - The Diamond As Big As The Ritz
Fitzgerald é um grande poeta e escritor norte-americano. É um dos mais aguardados para entrar em domínio público. Toda a obra de Fitzgerald entra em domínio público no dia 1º de Janeiro de 2011, e farei um post nesse dia e provavelmente falarei mais sobre esse livro e o próximo.

F. Scott Fitzgerald - O Curioso Caso de Benjamin Button e outras histórias da era do jazz

Susan Sontag - Diários 1947-1963
Susan Sontag é uma escritora (também Norte-Americana) que admiro muito por sua história, mas pouco li dela. Também gosto do gênero "diário", mas li apenas trechos esparsos de alguns diários, além de um livro de estudo de diários (Musica e Literatura de Sopeña). Comprando esse livro matei dois coelhos numa cajadada só (ou dois passaros com uma pedra se preferir).

Melhores Poemas de Sousândrade (seleção de Adriano Espínola)
Em sua época foi considerado um doido varrido, e hoje é conhecido como uma das mentes mais brilhantes do romantismo brasileiro. Como nunca lí, resolvi comprá-lo.

O Alcorão
Já havia lido alguns trechos do Alcorão e achei um texto belíssimo. Todas as casas deveriam possuir um exemplar do Alcorão em sua estante.

Harold Bloom - O Cânone Ocidental
Esse livro me escapou uma vez, mas dessa vez trouxe ele comigo.

Oxford English Dictionary (Pocket)
Afinal, eu preciso de um bom dicionário monolíngue.

Essas foram as minhas comprinhas na Saraiva. Amanhã volto lá e compro mais alguns livrinhos.
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